Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.
Aliados tratam Bolsonaro como criança que estoura balões em festa infantil
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Na política, como na vida, a primeira regra dos buracos é singela: quando o sujeito cai dentro de um, precisa parar de cavar. A insistência com que Bolsonaro manuseia a picareta exaspera seus conselheiros políticos. Passaram a adotar no assessoramento ao candidato a lógica singela do enchimento dos balões de festa infantil. O segredo está em descobrir o ponto exato que antecede o momento da ruptura, o instante em que um sopro a mais fará o balão explodir na cara de quem sopra.
Ao misturar o Bicentenário da Independência com a campanha à reeleição, Bolsonaro meteu-se num típico momento-balão-de-festa-infantil. Foi aconselhado a atravessar o 7 de Setembro sem respirar. Mas deu de ombros para os indícios de que um hálito a mais pode levar o balão a explodir.
Às vésperas do Dia da Pátria, o presidente dedicou-se a soprar o balão. Fez isso ao chamar Alexandre de Moraes de "vagabundo" no final de semana. Continuou soprando ao responder em timbre raivoso à jornalista Amanda Klein, que ousou questioná-lo sobre a prosperidade imobiliária da família Bolsonaro.
Bolsonaro voltou a soprar quando insinuou que, reeleito, reverteria na marra decisões como a do ministro do Supremo Edson Fachin, que restringiu o acesso a armas e munições. "Eu sendo reeleito, a gente resolve esse problema e outros problemas."
Com sua retórica caótica, Bolsonaro desafia os dados expostos nas pesquisas eleitorais. Na penúltima, do Ipec (ex-Ibope), a taxa de rejeição subiu, a aversão entre as mulheres piorou, o desapreço dos pobres sobreviveu aos R$ 600 e a desvantagem no Sudeste se acentuou.
Num cenário assim, tão adverso, a radicalização do discurso pode levar ao estouro do balão. O que exaspera os conselheiros é o receio de que o capitão só perceba que está próximo do ponto exato que antecede o estouro quando não adiantar mais nada, quando já tiver fornecido a Lula os votos que lhe faltam para prevalecer no primeiro turno. Com a taxa de rejeição nas nuvens,
Bolsonaro demora a perceber que, enquanto se dedicava a soprar balões, um pedaço do eleitorado ficou de saco cheio.
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