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Josias de Souza

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

No debate Haddad X Tarcísio, venceu a civilidade

Colunista do UOL

11/10/2022 06h01

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O petista Fernando Haddad e o bolsonarista Tarcísio de Freitas exibiram diante das câmeras uma sobriedade mortal. Juntos, fulminaram a ideia de que polarização é sinônimo de irracionalidade. Mataram as saudades de um tempo em que a política era vista como alternativa civilizatória às guerras. Uma época em que mesmo os representantes políticos de facções partidárias que não se respeitam conseguiam se confrontar respeitosamente. A civilidade foi a grande vitoriosa do primeiro debate do segundo turno entre os postulantes ao governo de São Paulo.

No embate direto entre os candidatos, Haddad teve, por assim dizer, uma vitória por pontos. Levou Tarcísio às cordas em alguns momentos, como no instante em que mostrou que prioridades como a merenda escolar e a farmácia popular, que necessitam de verba federal, dependem das emendas orçamentárias secretas do centrão. Ou quando forçou o adversário a explicar o comportamento inexplicável de Bolsonaro na pandemia.

O problema é que Haddad, ultrapassado pelo rival nas urnas do primeiro turno, precisava de um nocaute. E Tarcísio não foi jogado à lona. Não fugiu da tarefa de defender Bolsonaro. Mas invocou a biografia de "engenheiro" para se distanciar do ex-chefe. Foi beneficiado, de resto, pela complexidade dos temas e pela falta de memória do eleitor. O grosso do eleitorado não sabe o que é orçamento secreto. A vitória de Bolsonaro sobre Lula em São Paulo no primeiro turno mostra que a insensibilidade do presidente na pandemia saiu barato.

O formato do debate foi um prêmio ao espectador. Os candidatos passearam pelo cenário. Em dois blocos, administraram 15 minutos do tempo de que dispunham para inquirir e responder ao oponente. Puxada por Haddad, a nacionalização do debate, sobretudo no primeiro bloco, revelou-se incontornável. O horário não ajudou. Quem precisa acordar cedo para pegar no batente não tem como assistir a um debate que começa às dez da noite de uma segunda-feira. Mas na era das redes sociais, as cenas continuam latejando na internet.

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