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Josias de Souza

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Avanço de Haddad ensina a Tarcísio que a eleição vem antes do secretariado

Colunista do UOL

25/10/2022 21h16

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Superando as melhores expectativas e as as piores estatísticas, o bolsonarista Tarcísio de Freitas saiu das urnas do primeiro turno em São Paulo com 6,6 pontos percentuais de dianteira sobre o rival petista Fernando Haddad. Cheio de si, passou a flertar com o vazio. Esnobou um debate. Escalou antes da hora futuros auxiliares. Na nova pesquisa do Ipec, Haddad encostou no rival. E Tarcísio descobriu que, assim como no dicionário, também na campanha a eleição vem antes do secretariado.

Segundo o Ipec, Tarcísio (46%) está três pontos à frente de Haddad (43%). A margem de erro da pesquisa é de dois pontos, para o alto ou para baixo. Ou seja, a dupla está tecnicamente empatada. No âmbito estadual, a disputa pelo Palácio dos Bandeirantes é um reflexo quase perfeito da corrida pelo Planalto. Em São Paulo, Bolsonaro coleciona 47% das intenções de voto. Lula, 44%.

O Ipec mostra que o jogo não está jogado no maior colégio eleitoral do país. Parte do eleitorado torce o nariz para propostas que Tarcísio levou à vitrine. Entre elas a ideia de privatizar a Sabesp e de retirar as câmeras dos uniformes dos policiais.

O apoio dado a Tarcísio pelo governador paulista Rodrigo Garcia, um tucano com pedigree do falecido DEM, parece menos relevante do que a aliança que uniu Haddad a Geraldo Alckmin, um ex-tucano que não perdeu a plumagem conservadora que o eleitor do interior aprecia.

De resto, enquanto os pesquisadores do Ipec realizavam as entrevistas, uma polêmica nova ganhou as manchetes. Áudio veiculado pela Folha revela que um integrante da campanha de Tarcísio mandou um cinegrafista da Jovem Pan apagar imagens do tiroteio ocorrido durante visita do candidato de Bolsonaro a Paraisópolis.

Houve uma morte. A campanha de Bolsonaro explorou o episódio na propaganda eleitoral como um "atentado" político. Os desdobramentos podem ser corrosivos. O interesse em sumir com as filmagens envolve censura e a suspeita de obstrução de uma investigação policial.

A cinco dias da eleição, Tarcísio continua mais próximo da vitória do que Haddad. Entretanto, o candidato bolsonarista talvez já tenha percebido que a soberba não dá voto. É o caminho mais longo entre a eleição e o Poder. É mais difícil chegar ao trono quando o candidato imagina já estar sentado nele.

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