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Collor surge na pauta do STF para lembrar que o petrolão não foi uma ficção
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Na política brasileira, o que mais incomoda não é o passar do tempo. O que chateia de verdade é o acúmulo de detritos. Num instante em que Bolsonaro finge que ainda tem futuro e Lula faz de conta que não tem um passado, ressurgiu na pauta do plenário do Supremo Tribunal Federal um personagem que simboliza a inconsequência de todas as ideologias: Fernando Collor de Mello.
Collor será julgado por corrupção e lavagem de dinheiro. O caso envolve o desvio de mais de R$ 30 milhões de uma subsidiária da Petrobras, a BR Distribuidora. A Procuradoria pede que Collor seja condenado a 22 anos e oito meses de cadeia. No ano passado, o réu disputou o governo de Alagoas como se nada tivesse sido descoberto sobre ele. Apoiado por Bolsonaro e Arthur Lira, perdeu a eleição.
Agora, Collor será finalmente julgado por um escândalo que nasceu no segundo mandato de Lula, começou a ser investigado sob Dilma e virou ação penal no Supremo durante a gestão de Temer, em 2017. A encrenca chega ao plenário na bica da prescrição de todos os crimes.
Como Collor tem mais de 70 anos, o prazo prescricional é reduzido à metade. Penas inferiores a quatro anos prescreveram em 2021. As demais caducam no próximo mês de agosto.
Na campanha presidencial de 1989, Lula perdeu no segundo turno para Collor. Durante o movimento que resultou no impeachment de Collor, Lula chamou o ex-rival de "ladrão". Guindado ao Planalto, o líder petista incorporou o larápio à sua base de apoiadores.
Em 2009, Lula premiou o então neocompanheiro com duas diretorias da subsidiária da Petrobras. Deu no que está dando. Collor ressurge na pauta do Supremo para lembrar que o petrolão não foi uma ficção.
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