Josias de Souza

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Opinião

Musk avisou em 2020: 'Vamos golpear quem quer que seja!'

Não foi por falta der aviso. Em 2020, respondendo a um post que acusava os Estados Unidos de ter estimulado no ano anterior a queda do então presidente boliviano Evo Morales, Elon Musk tuitou: "Nós vamos golpear quem quer que seja! Lidem com isso." A Bolívia detém algo como 29% das minas mundiais de lítio, matéria-prima para as baterias dos carros elétricos da Tesla, um dos empreendimentos de Musk.

O tuíte de 2020 foi apagado. Mas potencializou-se a mensagem embutida nele. Se Deus o intimasse a escolher entre o Estado Democrático de Direito e o lucro, Elon Musk daria uma resposta fulminante: "Morra a democracia!". E ficaria claro que, para o bilionário sul-africano, o grande acontecimento é a vantagem pecuniária. Só o dinheiro existe. O resto é paisagem.

Em maio do ano eleitoral de 2022, nas pegadas do anúncio sobre sua intenção de comprar o Twitter, Musk foi recepcionado no Brasil. Bolsonaro condecorou-o com a medalha da Ordem do Mérito da Defesa. Alardeou que Musk conectaria a Amazônia à internet via satélite, para mostrar ao mundo a "verdade" sobre a hipotética preservação da floresta. Chamou o visitante de "mito da liberdade".

Hoje, o mito do mito utiliza o Twitter, rebatizado por ele de X, para propalar tudo o que o capitão está impedido pelas circunstâncias de sussurrar. Musk pregou no final de semana a renúncia ou a destituição de Alexandre de Moraes, acenou com o descumprimento de ordens do magistrado e insinuou que recolocará no ar perfis bolsonaristas suspensos pelo Supremo.

Na noite de domingo, Bolsonaro foi às redes para convidar seus devotos para novo ato em seu apoio, dessa vez no Rio de Janeiro, em 21 de abril. Cavalgando a polêmica, disse que falará sobre "Estado democrático de direito" e o "assunto do momento, que é a questão do Twitter."

Simultaneamente, Alexandre de Moraes empurrou Elon Musk para dentro do inquérito sobre milícias digitais. Abriu contra ele investigação por obstrução à Justiça e incitação ao crime". Fixou multa diária de R$ 100 mil por perfil que vier a ser reabilitado à revelia do Supremo. Moraes se deu conta de que o pior excesso que poderia ser cometido contra um dono de plataforma digital que se recusa a moderar o conteúdo seria o excesso de moderação.

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** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

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