Josias de Souza

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Opinião

Pito de Barroso em corregedor ameaça armistício no Supremo

Ao presidir a sessão do CNJ que reverteu o afastamento dos juízes Gabriela Hardt e Danilo Pereira, ex-titular e atual responsável pela vara curitibana da Lava Jato, Luís Roberto Barroso passou um sabão em Luis Felipe Salomão. O pito soou mais eloquente no trecho em que o presidente do Supremo classificou de "ilegítima, arbitrária e descenecessária" a decisão tomada solitariamente por Salomão, corregedor do CNJ e ministro do SJT.

Enfático, o posicionamento de Barroso tem potencial para criar uma toga justa no Supremo, pois o corregedor Salomão é muito próximo de Gilmar Mendes, um crítico mordaz de tudo o que se relaciona com a Lava Jato. No limite, pode subir no telhado um armistício que vigora no Supremo desde que o negacionismo e o golpismo de Bolsonaro levaram os ministro da Corte a estreitar suas inimizades.

Durou 24 horas o afastamento de Gabriela Hardt e Danilo Pereira. A posição de Barroso prevaleceu no plenário do CNJ pelo magro placar de 8 a 7. Barroso foi vencido por 9 a 6 na votação que mantive afastados os desembargadores Thompson Flores e Loraci Flores de Lima, que atuaram na Lava Jato a partir do Tribunal Regional Federal da 4ª Região.

Com um pedido de vista, Barroso protelou a decisão sobre a abertura de processo disciplinar destinado a apurar o que Salomão definiu como conversão do combate à corrupção numa espécie de "cash back". Nesse modelo, segundo o corregedor, o dinheiro surrupiado da Petrobras e devolvido por corruptos e corruptores em acordos de cooperação e de leniência era apropriado pela força tarefa da Lava Jato, com o aval da 13ª Vara Federal de Curitiba.

Ao justificar o pedido de vista, Barroso voltou a fustigar Salomão. Disse que nem um "super-homem" conseguiria "folhear 1.160 páginas de correição, 146 páginas de relatório e 26 horas de gravação" que fundamentaram as decisões do corregedor. Decisões tomadas solitariamente às vésperas da reunião plenária do CNJ e à revelia das regras que privilegiam o colegiado. O rififi do CNJ faz ferver os bastidores do Supremo.

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Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

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