Em Copacabana, Bolsonaro age à maneira do punguista de praia
Entre a Avenida Paulista e Copacabana, Bolsonaro modulou sua estratégia. Em São Paulo, prevaleceu o bom-mocismo da "pacificação" e da "anistia". No vídeo da convocação para o ato do Rio de Janeiro, ressurgiu o mau-caratismo da desinformação em estado bruto.
Para estimular os devotos a desperdiçarem um naco do domingo no seu comício, Bolsonaro disse que o Brasil está "perto de uma ditadura". Surfando a onda fabricada por Elon Musk, afirmou que "o mundo inteiro toma conhecimento do quanto esta ameaça a nossa liberdade de expressão."
Não é verdade que Bolsonaro tem dupla personalidade. Ele possui três: a que exibe, a que tem de fato e a que imagina ter. Na personalidade da pose, Bolsonaro é um perseguido político. Na real, é um golpista à espera de sentença. Na versão imaginária, é um cultor do Estado democrático de Direito.
Misturando-se numa mesma coqueteleira todas as contradições que compõem a personalidade tripla de Bolsonaro -a máscara, a imagem nua no espelho e a desconexão com a realidade— obtém-se o protótipo de um batedor de carteira ideológico.
Ao dizer que o Brasil roça uma ditadura, apresentando-se como herói de uma guerra contra o cerceamento à liberdade de expressão, Bolsonaro comporta-se mais ou menos como um punguista de praia que, pilhado numa tentativa de tomar de assalto a democracia, sai gritando "pega ladrão".
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