Avanço da ultradireita europeia embaça agenda externa de Lula
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O avanço da ultradireita na eleição para o Parlamento Europeu deixou os líderes políticos do continente numa posição inusitada. Mal comparando, é como se tivessem despencado do alto de um edifício de 20 andares e, na passagem do décimo para o nono andar, exclamassem aliviados: "Até aqui, tudo bem!". A centro-direita não perdeu a maioria. Mas o eleitorado impôs a inclusão das cartas do conservadorismo nacionalista e arcaico no baralho das composições políticas da União Europeia. Ruim para o mundo. Pior para o Brasil.
O vapor soprado desde a Europa embaçou a agenda externa de Lula. O acordo comercial da União Europeia com o Mercosul adormecia numa cova aberta. Fortalecida, a extrema direita cuidará de jogar terra em cima. O Planalto agora terá que ralar para que o protecionismo aguçado não afete o desempenho das exportações, pois a Europa é a segunda maior parceira comercial do Brasil depois da China.
Como se fosse pouco, a direita radical roubou duas dezenas de assentos da bancada verde no Parlamento Europeu. Não são negligenciáveis os riscos de que o movimento atenue a consciência climática de potências europeias num momento em que o Brasil se equipa para sediar a COP 30, em 2025.
O mundo assiste ao crescimento do populismo e do conservadorismo extremo. Esses dois fenômenos rosnaram para os principais líderes europeus. Entre os derrotados estão o alemão Olaf Scholz e o francês Emmanuel Macron, que dissolveu o Parlamento. Numa evidência de que há males que vêm para pior, a lufada conservadora da Europa chega na hora em que parte do eleitorado dos Estados Unidos flerta com a ideia de devolver Donald Trump à Casa Branca. No Brasil, Bolsonaro e seus devotos esfregam as mãos.
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