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Josias: Câmeras não funcionam adequadamente, e Tarcísio está sendo filmado

O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), mantém uma postura inadequada sobre o uso de câmeras corporais por policiais, mas está sob a mira do STF (Supremo Tribunal Federal), disse o colunista Josias de Souza no UOL News desta terça (11).

Em conversa com a colunista do UOL Raquel Landim, Tarcísio deixou claro que o novo programa de câmeras nos uniformes policiais não descumpre as determinações da portaria do Ministério da Justiça. Porém, não há garantia de que os 12 mil novos equipamentos realizarão gravações ininterruptas.

As câmeras corporais da Polícia Militar de São Paulo não estão funcionando adequadamente, como seria o desejado, mas o governador Tarcísio de Freitas está sendo filmado. Desde que tomou posse, as ações da PM mostram que não é intenção do governo paulista fornecer material para que os fiscais da polícia, seja na Ouvidoria ou no Ministério Público, exerçam sua atribuição.

Tarcísio tomou posse dizendo que não renovaria o programa e adicionar mais câmeras para grudar nos uniformes dos policiais. Depois, houve essas operações nas quais a polícia se portou de forma muito truculenta [Operação Verão, realizada no litoral na qual houve 56 mortos]. As cenas, que deveriam ter sido gravadas, não apareceram; quando surgiram, ou foram editadas, ou gravadas com desmazelo.

Agora, o governador decidiu adquirir 12 mil novas câmeras para a polícia. No edital, havia uma menção esquisita, segundo a qual essas câmeras não precisariam mais gravar de forma ininterrupta, segundo a conveniência dos policiais ou dos seus comandantes. Não me parece ser a forma mais adequada de utilização. Josias de Souza, colunista do UOL

Para Josias, tanto Tarcísio como o STF precisam esclarecer o funcionamento dessas novas câmeras - o presidente do Supremo, Luís Roberto Barroso, deu um prazo de seis meses para que seja apresentado um relatório de efetividade destes equipamentos.

Isso não serve apenas para detectar o mau comportamento de policiais: Ao contrário: serve para atestar o bom comportamento de bons policiais. Quando operaram corretamente, as câmeras serviram para reduzir a letalidade da polícia e a mortalidade entre os policiais.

O Estado não ganha nada interrompendo uma forma de operação das câmeras que já mostrou dar resultados. Tampouco ganham a polícia e a sociedade. Essa é a resposta que precisa ser dada pelo governador e pelo Supremo: as câmeras gravarão de forma ininterrupta ou não?

Barroso diz que não dá para saber se funcionará bem ou não antes que o equipamento comece a operar efetivamente. Pode-se fazer qualquer coisa em benefício de Tarcísio, menos papel de bobo. O risco de não dar certo é enorme. Josias de Souza, colunista do UOL

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Sakamoto: Bolsonaro usa caso Adélio como espantalho de estimação

Jair Bolsonaro evoca frequentemente o caso Adélio para tentar manter seus apoiadores mobilizados e reforçar a pose de vítima de um complô jamais comprovado, disse o colunista Leonardo Sakamoto.

A questão do caso Adélio é sempre utilizada pela família Bolsonaro quando eles querem encobrir alguma coisa e jogar uma cortina de fumaça. Virou uma espécie de espantalho, de pedra filosofal, de resposta para tudo. O caso foi resolvido. Bolsonaro pode espernear à vontade e seus seguidores continuarem usando isso para tentar melhorar sua imagem pública, mas o fato é que há uma decisão da Justiça. Leonardo Sakamoto, colunista do UOL

Raquel Landim: Diretor da PF põe fim a caso Adélio, mas não a narrativa

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Embora o diretor-geral da PF Andrei Rodrigues tenha mais uma vez reforçado que Adélio agiu sozinho no ataque a faca a Jair Bolsonaro em 2018, os bolsonaristas insistirão na tese de que um mandante ordenou o ataque, comentou Raquel Landim. A colunista frisou que as investigações já deveriam se encerrar, uma vez que há evidências claras e suficientes sobre o caso.

[A fala do diretor da PF] Coloca um fim na investigação, mas nunca na narrativa, que não será abandonada. Vivemos em um tempo no qual cada grupo político tem sua narrativa e insiste nela. É disso que eles se alimentam para arregimentar seus seguidores. Ao esticar essa investigação, a PF tenta acabar com a narrativa, mas ela não terminará. A não ser que surja outro elemento muito concreto, investigar isso ad eternum é desperdício de dinheiro público. Raquel Landim, colunista do UOL

Sakamoto: Congresso violentará vítimas de estupro com projeto de lei

O Congresso vai violentar mais uma vez as vítimas de estupro se aprovar o projeto de lei que prevê aumentar a pena para as mulheres que decidirem abortar, afirmou o colunista Leonardo Sakamoto.

O PL nº 1.904/2024 equipara o aborto acima de 22 semanas de gestação ao homicídio simples, o que aumenta de dez para 20 anos a pena máxima para quem realizar o procedimento.

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É um absurdo completo. Grosso modo é o seguinte: o Congresso brasileiro pode acabar violentando mais uma vez vítimas de estupro, ou seja, se essa legislação for aprovada, os fundamentalistas do Congresso vão conseguir que as vítimas de estupro passem por sua segunda violência. É inacreditável, mas é basicamente isso que está sendo colocado aqui.

Isso acontece porque o Supremo Tribunal Federal está discutindo casos que estão surgindo. Por quê? Porque chega no hospital, a pessoa tem o direito, por lei, de fazer a interrupção de gravidez, porque ela foi vítima de estupro. Está lá garantido em lei, ninguém está falando de ampliação de lei, está escrito na letra da lei. Vai chegar lá, aí a pessoa fala: 'Não, não vai fazer. Aqui não vão fazer'. Até que a polícia entra na jogada, Ministério Público entra na jogada, entra juíza e tenta impedir a pessoa de fazer o aborto.

Sakamoto lembrou do caso de uma menina de 10 anos que engravidou após ser estuprada pelo tio no Espírito Santo. Ela precisou fazer o procedimento no Recife após negativa de atendimento na cidade capixaba onde vive, mesmo com aval da Justiça.

O caso que ficou famoso da menina de São Mateus do Espírito Santo, que era estuprada dos 6 aos 10 anos pelo tio, e aí descobriu-se que ela estava grávida entre 3 e 4 meses, não queriam fazer o aborto lá em São Mateus, ela teve que fazer a interrupção da gravidez lá no Recife. E ainda assim, com um monte de fundamentalista religioso na frente, ameaçando de morte o médico, ameaçando de morte a família, ameaçando de morte a menina. Tipo: 'Vão matar em nome da vida. Ah, isso é o aborto'." Não! A vida da pessoa, tem uma pessoa andando na sua frente, pedindo pelo amor de Deus, uma criança franzina, que não vai conseguir ter uma vida viável.

É interessante que isso aí era do governo Bolsonaro, gerou muita repercussão, porque inclusive, na época, a ministra Damares Alves, do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, mandou representantes, inclusive, para convencer a família menina de não realizar o aborto.

Uma menina de 10 anos, estuprada pelo tio desde os 6. Meu Deus do céu! Aí o que acontece? Começaram a pipocar outros casos, porque isso aqui existe desde que o mundo é mundo, infelizmente, a diferença é se a gente vai ser civilizado diante disso ou não. A gente começou a ver como o avanço do ultraconservadorismo violento entre instituições públicas está fazendo com que o Estado brasileiro se especialize na tortura de crianças estupradas, e provando que pode ser muito competente.

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Quando: De segunda a sexta, às 10h e 17h.

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Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL

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