Josias de Souza

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Opinião

Reação da sociedade põe projeto antiaborto no rumo da geladeira

Arthur Lira e a banda neandertal da Câmara conseguiram acordar as ruas e as redes ao aprovar a urgência para o projeto que iguala o aborto a partir de 22 semanas de gestação, mesmo em casos de estupro. A reação da sociedade mostrou apenas o nariz daquilo que o presidente Juscelino Kubítschek chamava de 'o monstro'.

O monstro é a opinião pública. Demora a ferver. Mas, quando ferve, é difícil de deter. Estimulada por Bolsonaro e seus pastores de estimação, a mistura de religião com política não produz bons exemplos. A tentativa de impor às mulheres estupradas uma pena maior que a do estuprador tornou-se um ótimo aviso.

No final de semana, houve manifestações contra o projeto do deputado-pastor Sóstenes Cavalcanti em oito cidades, incluindo São Paulo, Belo Horizonte e Brasília. Pesquisa Quaest revelou que 52% das postagens sobre o tema são críticas. Numa enquete do portal da Câmara, 88% disseram discordar totalmente do projeto.

As reações contrárias empurram para a geladeira esse projeto arcaico, que retrocede em relação a direitos adquiridos pelas mulheres há mais de oito décadas. Lira já não tem tanta pressa. Lula já não tem tanto medo.

A despeito de ter arrancado do plenário, na semana passada, a urgência para a proposta, Lira agora quer debater melhor o tema. Desistiu da votação do mérito a toque de caixa.

O Planalto, que não se opôs à aprovação da urgência, agora deseja barrar o avanço do atraso. Lula discute o tema em reunião com o seu conselho político, nesta segunda-feira.

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Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

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