Josias de Souza

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VAR do caso Janones vira arma do bolsonarismo contra Boulos

Quando todos imaginavam que a rachadinha de André Janones fosse jogo jogado, os adversários pediram a análise do VAR. Além de fustigar Janones, acusado de morder salários de assessores à moda bolsonarista, a oposição quer exibir o replay do gol contra marcado por Guilherme Boulos —de preferência em câmera lenta.

Boulos redigiu o parecer que livrou Janones de punição no Conselho de Ética da Câmara. Não tratou do desvio ético imputado a Janones. Alegou que a coisa aconteceu antes do início da atual Legislatura. Em meio a empurrões e xingamentos, o arquivamento proposto por Boulos foi aprovado por 12 votos a 5.

No melhor estilo do PSOL, partido de Boulos, o bolsonarismo esticou a corda. Recorreu ao plenário da Câmara. Ali, o arquivamento do Conselho de Ética pode ser revisto por maioria simples. Antes, o imperador Arthur Lira precisaria pautar o tema. Não há prazo para que isso ocorra. No limite, Lira pode reter a encrenca na gaveta.

O recurso foi apresentado pela deputada Bia Kicis, do PL de Bolsonaro. A peça foi subscrita por 62 parlamentares de vários partidos. Entre eles deputados filiados a meia dúzia de partidos que integram a coligação do prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes, no momento o principal adversário de Boulos na eleição municipal paulistana: além do PL, PP, União Brasil, MDB, PSD e Republicanos.

No futebol, todo mundo quer ver o replay de cenas lamentáveis, para lamentar lamentar várias vezes. Na política, jogadas como o arquivamento da rachadinha de Janones pertencem a outra categoria do vexame.

Parte do PSOL avalia que Boulos não deveria ter aceitado a tarefa de relator do pedido de cassação. O bolsonarismo recorre ao VAR para extrair do gol contra de Boulos vantagens eleitorais em São Paulo. Se Lira engavetar o recurso, o replay ganha um ritmo de câmera lenta, aproximando o fato do dia da campanha.

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Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

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