Encontro de Lula com FHC evoca uma era de polarização benigna
Lula visitou Fernando Henrique Cardoso nesta segunda-feira. Juntaram-se num instante de civilidade 171 anos de existência política, os 78 do visitante e os 93 do anfitrião. Num instante em que a política brasileira vive uma fase tóxica, a imagem de dois velhos rivais proporcionou um raro momento de refrigério.
Em passado nem tão remoto, PT e PSDB guerrearam em eleições renhidas. Abertas as urnas, não houve ninguém pedindo golpe na porta dos quarteis nem promovendo quebra-quebra nas sedes dos Três Poderes. Hoje, golpista e ladrão deixaram de ser insultos. A oposição congressual já não é feita de adversários, mas de inimigos.
O PSDB de Fernando Henrique virou um partido nanico. Lula ganhou um terceiro mandato por pequena margem, graças ao pedaço do eleitorado que votou nele em defesa da democracia. A política tornou-se um embate tribal.
Intoxicadas por sentimentos primitivos, as tribos não conseguem construir consensos em torno do básico: o interesse nacional. A foto de Lula com FHC não muda a conjuntura infectada. Mas renova a percepção de que o problema do Brasil não é a polarização, mas a industrialização da raiva.
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