Josias de Souza

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Opinião

'Bidentena' trata o eleitor como coadjuvante de uma palhaçada

"Se o Biden pode desistir a qualquer momento, por que eu não posso?", pergunta José Luiz Datena. A comparação não é boa. Joe Biden não desistiu da corrida à Casa Branca, foi empurrado para fora da raia. Datena é campeão de defecções. "Nunca perdi uma eleição, desisti de todas", jactou-se na semana passada.

Biden, 81 anos, comportou-se como se a velhice pudesse ser sempre deixada para amanhã. Datena, 67, age como se a velhice chegasse para os seus projetos políticos sempre ontem. Flerta com a política há uma década. Passou por 11 partidos. A quatro dias da convenção em que o PSDB planeja formalizar sua candidatura a prefeito de São Paulo, procura novamente a porta de saída.

Datena vendeu um terreno na Lua a Tabata Amaral ao admitir que poderia ser vice da candidata do PSB. Revendeu a mesma propriedade ao tucanato, adicionando uma vista para os anéis de Saturno. Seria cabeça de chapa, não vice. Depois de se consolidar como uma espécie de conto do vigário no qual todos caem, Datena soa como se receasse ser passado para trás: "Desde o começo, falei: se me sacanearam, eu desisto mesmo!"

Tomado pelas palavras, Datena tem pavor de ser usado. "Não confio em palavra de político", disse na semana passada. Na prática, usa os políticos, fazendo gato e sapato de todos eles. Nesse jogo de malandro e otário, convém lembrar de um ensinamento de Tancredo Neves: quando a esperteza é grande demais, come o dono. O risco que Datena corre é o de reservar para o eleitorado no seu enredo o papel de coadjuvante de uma palhaçada.

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Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

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