Josias de Souza

Josias de Souza

Siga nas redes
Só para assinantesAssine UOL
Opinião

Nem Natal precoce de Maduro livra Lula da patologia de Noel

Qual é a semelhança entre Papai Noel e a influência de Lula sobre Nicolás Maduro? Simples: são duas fantasias. Avolumam-se as evidências de que, assim como o bom velhinho, o prestígio de Lula junto a Maduro só existe na ficção. Mas o governo brasileiro demora a abandonar o universo de faz de conta.

A ditadura venezuelana entrou na fase do escárnio. As atrocidades agora chegam junto com a galhofa. Horas depois da emissão da ordem de prisão do rival Edmundo González, Maduro decretou que o Natal na Venezuala será celebrado em 1º de outubro. "Chegou o Natal com paz, felicidade e segurança", proclamou.

Em nota conjunta, Brasil e Colômbia escreveram que o pedido de prisão de González, o oposicionista que teve a vitória eleitoral garfada por Maduro, "dificulta a busca por solução pacífica, com base no diálogo entre as principais forças políticas venezuelanas."

Difícil mesmo é convencer Lula e o companheiro colombiano Gustavo Petro que não se pode dificultar o que há tempos já se revelou impossível. O único diálogo que interessa a Maduro é aquele em que ele manda o interlocutor calar a boca.

Lula não é um observador inerte da derrocada venezuelana. No ano passado, disse que a ditadura de Maduro era "narrativa" ficcional. Declarou que democracia é coisa "relativa". Neste ano, consumada a fraude, sustentou que "nada de anormal" acontecia na Venezuela. Depois, admitiu um certo "viés autoritário". Mas negou que houvesse ditadura no vizinho.

Há dez dias, em outro comunicado conjunto com Petro, Lula disse que continuava esperando pela divulgação de atas eleitorais que atestassem a reeleição de Maduro. Demora a notar que, sob ditador, a esperança é a última que mata. De duas uma: ou Lula reconhece o óbvio ou troca as notas diplomáticas por uma cartinha endereçada a Papai Noel. Nela, pediria de presente as atas venezuelanas.

Se o papelório não chegar em 1º de outubro, no Natal fora de época de Maduro, Lula e o companheiro Petro ainda poderão soltar outra nota conjunta. Informariam que aguardam por uma solução pacífica para a crise Venezuelana até 25 de dezembro. Desnecessário mencionar o ano. Ficariam eternamente acorrentados à patologia de Noel.

Opinião

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

Deixe seu comentário

Só para assinantes