Josias: Marçal se apresenta como 'antissistema', mas já flerta com centrão

Pablo Marçal (PRTB) prega ser um candidato "antissistema" em sua campanha à Prefeitura de São Paulo, mas já acena uma aproximação com o União Brasil e o centrão, disse o colunista Josias de Souza no UOL News desta terça (3).

Hoje, há um problema na democracia brasileira: ela tem dificuldade em se revelar útil e prosperam esses embustes, do tipo Marçal. A nós, cabe mostrar que já aconteceu e está ocorrendo um novo ensaio, agora no ambiente municipal.

Esse personagem já foi candidato à Presidência também. Já se elegeu deputado federal, mas não permaneceu no Congresso porque sua candidatura foi cassada. Agora está tentando se eleger prefeito, com os olhos voltados para 2026. A nós, não cabe outra coisa senão mostrar ao eleitor a natureza dessa candidatura.

Essa candidatura se apresenta como 'antissistema' e já começa a flertar com o centrão. Outro dia, um vereador [Rubinho Nunes, do União Brasil] que participava da coligação com Ricardo Nunes o abandonou porque viu que Marçal cresceu.

O 'antissistema' Marçal já está namorando o sistêmico União Brasil, que é um dos principais partidos do centrão. Uma vez eleito, ele estará no colo desse partido, exatamente como ocorreu com Bolsonaro, que não só caiu no colo do centrão como lhe deu o orçamento secreto, engavetando mais de uma centena de pedidos de impeachment. O embuste é semelhante. Josias de Souza, colunista do UOL

Para Josias, as eleições municipais de São Paulo repetem um filme visto em âmbito nacional, com notórias semelhanças entre Marçal e Jair Bolsonaro. O colunista ressaltou que o desfecho do candidato do PRTB pode ser o mesmo do ex-presidente, derrotado nas urnas.

Cabe à imprensa mostrar que está se repetindo. O eleitor terá a palavra final; é assim como funciona na democracia. Ignorar o personagem não melhorará a situação.

Ele não é novo. Já houve outros políticos que industrializaram a raiva. A única diferença em relação a esse daqui é que a indústria dele funciona nas redes sociais, portanto tem uma potência maior. Ainda outro dia, convivíamos com um presidente da República desse mesmo naipe.

A democracia demorou, mas em 2022 mandou esse personagem para casa mais cedo. Quem sabe em 2024, com a repetição do fenômeno de forma mais turbinada na seara municipal, o eleitor não despache Marçal antes mesmo de ele se consolidar como um fenômeno nessa eleição? A despeito de estar claro que se trata de um produto estragado, quem tem que comprá-lo ou não é o eleitor. Josias de Souza, colunista do UOL

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Sakamoto: Nunes passa por fase de 'alckminzação', entregando voto a Marçal

Ricardo Nunes (MDB) enfrenta um momento de desidratação de sua campanha à reeleição para a Prefeitura de São Paulo e vê seus votos migrarem para Pablo Marçal (PRTB), afirmou o colunista Leonardo Sakamoto. Pesquisa divulgada hoje pelo instituto Real Time Big Data aponta um empate técnico na liderança entre Marçal (21% das intenções de voto), Guilherme Boulos (PSOL) e Nunes (ambos com 20%).

Nas campanhas adversárias, discute-se muito se Marçal tem um teto e se chegou até ele. O teto de Marçal é o do bolsonarismo? Outra pergunta é se haverá uma transferência de votos da direita no Nunes para Marçal ainda no primeiro turno. Isso já está acontecendo, mas ela será maior e mais significativa? Haverá uma transferência mais robusta dos votos de Datena para Marçal?

Essas perguntas são importantes porque as eleições podem ser definidas ainda no primeiro turno. Hoje, é improvável que isso aconteça, mas em 2018 ocorreu uma desidratação na reta final de candidatos que estavam em terceiro, quarto e quinto lugares em direção a Jair Bolsonaro e Fernando Haddad, os dois principais candidatos.

Há nas campanhas quem fale na 'alckminzação' de Nunes, que tem a ver com aquele fenômeno de 2018, quando Alckmin estava com maior tempo de TV e, de repente, desidratou. Os votos foram para Bolsonaro e Haddad. Houve uma desidratação coletiva e por pouco não houve vitória do Bolsonaro no primeiro turno. Leonardo Sakamoto, colunista do UOL

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