Governo demorou a agir no caso Silvio Almeida, admite ministro
"O governo demorou a acordar para o potencial corrosivo desse caso", disse à coluna um ministro que acompanha os desdobramentos da denúncia de assédio sexual que embaçou o brilho de Silvio Almeida na pasta dos Direitos Humanos.
Em timbre de autocrítica, o ministro reconheceu que as suspeitas relacionadas a Silvio Almeida circularam pelos bastidores do governo antes de virar notícia. Negou-se a especificar as datas. Mas admitiu: "O governo poderia ter agido bem antes".
Na manhã desta sexta-feira, Lula soou categórico na sua primeira manifestação pública sobre o caso. Num prenúncio do que estava por vir, disse: "Alguém que pratica assédio não vai ficar no governo". O ministro caiu. Falta agora explicar por que a ficha do presidente não caiu antes.
O diabo, como se sabe, mora nos detalhes. Uma das mulheres que acusam Silvio Almeida de assédio é a ministra Anielle Franco (Igualdade Racial). Vítima e acusado são negros. No exercício das suas funções, deveriam combater juntos as agressões sexuais, a misoginia e o machismo.
"O governo não vai fazer jus ao seu discurso da defesa das mulheres e da defesa dos direitos humanos com alguém que esteja sendo acusado de assédio", declarou Lula na entrevista desta sexta. A constatação, feita horas antes da formalização do afastamento de Silvio Almeida, torna ainda mais incompreensível que Lula tenha presenteado a oposição bolsonarista com sua demora em reagir diante de algo que parecia tão óbvio.
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