Atas eleitorais de Maduro viraram meros asteriscos
Decorridos cinco dias da contestada eleição presidencial venezuelana, não há na praça nenhum vestígio da dissecação dos relatórios das urnas que Nicolás Maduro prometeu divulgar. A essa altura, o papelório manipulado pelo regime tornou-se mero asterisco. Ainda que viessem à luz, as atas eleitorais de Maduro não desatariam a crise.
Nada é mais angustiante do que comparar os movimentos da serenidade com os arroubos da insensatez. Enquanto a diplomacia mede cada meia palavra que sussurra em notas oficiais, Maduro reafirma em voz alta, com palavras inteiras, seus pendores ditatoriais.
Saiu, finalmente, a nota conjunta dos presidentes do Brasil, Colômbia e México. No texto, Lula, Gustavo Petro e López Obrador adotam um contorcionismo de acrobatas do Cirque du Soleil, com suas em coreografias minuciosamente ensaiadas. No miolo da peça, rogam às "autoridades eleitorais da Venezuela que "avancem de forma expedita e divulguem publicamente os dados desagregados por mesa de votação". Em linguagem menos ensaboada: Cadê as atas?
Alheio aos apelos, Maduro eleva a crise a outros patamares. Um dia depois de ter encomendado uma pseudo-auditoria eleitoral ao seu Judiciário amestrado, anunciou que prepara dois presídios de segurança máxima para empilhar os manifestantes que sua máquina repressiva recolhe nas ruas.
Embora carregue a maciez no nome, a diplomacia em algum momento terá que alcançar o timbre de Maduro. A essa altura, a cobrança pela divulgaçao de atas oficiais é uma inutilidade com punhos de renda. Para aqueles que creem no ditador, nenhuma explicação é necessária. Para os que não creem, nenhuma explicação é possível.
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