Maduro é sujeito oculto da reunião de Lula com Boric
Encontros de chefes de Estado são precedidos de minuciosa negociação. Nesse processo, não é inusual que temas escondidos pela diplomacia fiquem com o rabo de fora. No encontro de Lula com o presidente chileno Gabriel Boric deu-se algo inusitado. Excluiu-se a Venezuela da agenda oficial. É como se os negociadores da pauta engolissem o rabo, mas deixassem o elefante de fora.
O ausente Nicolás Maduro virou um tema incontornável para Lula e Boric. Ambos já pediram ao ditador que divulgue os boletins das seções eleitorais. Mas Boric teve o cuidado de declarar, na primeira hora, que é "difícil de acreditar" na reeleição de Maduro. Lula preferiu contemporizar com a fraude. Declarou que "nada de anormal" ocorreu na Venezuela.
A incredulidade de Boric levou Maduro a expulsar o corpo diplomático chileno de Caracas. A complacência de Lula manteve desobstruídos os canais do Planalto com o Palácio Miraflores. A ambição da liderança regional tem custo político alto para Lula. De volta do recesso parlamentar, a oposição bolsonarista cuidará de elevar uma fatura que começa a ser cobrada nas eleições municipais.
À margem das diferenças venezuelanas, a velha guarda e vanguarda da esquerda latino-americana assinarão 17 acordos de cooperação. Envolvem áreas estratégicas como edudação, ciência e tecnologia, segurança cibernética e direitos humanos. Mas tudo tende a ficar pequeno sob as patas de um elefante.
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