Justiça Eleitoral tarda, mas não chega para conter Pablo Marçal
Na análise dos recursos apresentados por rivais de Pablo Marçal, a Justiça Eleitoral revela-se intelectualmente lenta e moralmente ligeira. As duas velocidades são insultuosas. A lentidão mental destoa do ritmo de uma campanha que corre em velocidade digital. A ligeireza moral combina com os propósitos de um candidato cuja desqualificação torna facílimo de qualificar.
O Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo suspendeu na noite passada os direitos de resposta concedidos em primeira instância a Guilherme Boulos nas redes sociais de Marçal. No seu ataque mais ordinário, Marçal acusou Boulos de consumir cocaína.
No recurso ao TRE revelou um insuspeitado talento para a comédia. Disse ter usado a expressão "aspirador de pó" para sinalizar que Boulos é "aquela pessoa que atrai lixo para si'.
Os despachos que acataram os argumentos de Marçal também flertam com a piada. Num deles, lê-se que a suspensão das respostas não causa "dano imediato" a Boulos, principalmente se for considerada "a obrigatória celeridade com que são tratados os feitos dessa natureza". Faltou definir celeridade.
No caso de Marçal, a pressa da Justiça Eleitoral é medida por um relógio que não adianta. Quando o direito de resposta chegar, se vier, a mentira já terá dado centenas de milhares de voltas na rede mundial de computadores. Restará a percepção de que a Justiça Eleitoral tarda, mas não chega para conter gente como Pablo Marçal.
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