Josias de Souza

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Venezuela retribui moderação de Lula com ofensa: 'Agente da CIA'

As ofensas, quando reiteradamente ignoradas, têm um efeito inexorável. O ofendido acaba merecendo. O procurador-geral da Venezuela, Tarek William Saab, acusou Lula de ser um "agente da CIA". Incluiu o presidente do Chile, Gabriel Boric, entre os chefes de Estado que operam sob o comando do serviço de inteligência dos Estados Unidos.

A paulada em Lula foi desferida apenas três dias depois de o Brasil ter presenteado a Venezuela com um posicionamento vexatório no Conselho de Direitos Humanos da ONU. Absteve-se de votar a favor da renovação por mais dois anos da missão do Alto-Comissariado das Nações Unidas que investiga violações aos direitos humanos da ditadura venezuelana. O Chile ajudou a aprovar a resolução.

Pelas contas da ONG Foro Penal, ao menos 1.916 pessoas foram presas por motivação política na Venezuela desde que Maduro fraudou as eleições realizadas em 28 de julho. As arbitrariedades foram formalizadas justamente pelo procurador-geral Tarek Saab. Sabujo do regime, ele foi especialmente cruel com Lula.

Insinuou que Lula ficou irreconhecível depois que deixou a prisão, em 2019. "Não é o mesmo de jeito nenhum, nem fisicamente, nem no jeito que se expressa". Indagou: "O que te interessa? Quem é você, Lula, para se intrometer nos assuntos internos da Venezuela?".

Embora continue condicionando o reconhecimento da reeleição de Nicolás Maduro à exibição de atas eleitorais que comprovem o feito desmentido pelos fatos, Lula se recusa chamar a Venezuela pelo nome. Admite que o regime de Caracas adquiriu um viés autoritário. Mas sustenta que Maduro ainda não pode ser chamado de ditador. Ou ajusta a posição ou merecerá as ofensas.

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Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

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