Não há inocentes na escuridão, apenas culpados ou cúmplices
Virou rotina. Às vésperas do aniversário do penúltimo grande apagão, milhões de pessoas ficaram de novo no escuro em São Paulo. Iniciado na sexta-feira, o breu invadiu a segunda-feira. A falta de luz eletrificará o debate entre Guilherme Boulos e Ricardo Nunes, na Band. Candidatos e autoridades acusam-se uns aos outros. Infelizmente, todos têm razão.
Boulos afirma que Nunes é incapaz de podar as árvores. O prefeito declara que o governo Lula, cabo eleitoral de Boulos, precisa "criar vergonha e rescindir o contrato" com a empresa Enel. Ecoando Nunes, Tarcísio de Freitas lembra que cabe ao Ministério de Minas e Energia e à Aneel fiscalizar a concessão privada e garantir o fornecimento de energia.
Alexandre Silveira, o ministro do setor, insinua que a Enel recebe proteção da Aneel porque a agência reguladora continua sob gestão de indicados de Bolsonaro. O que ninguém diz é que Silveira virou ministro de Lula na cota do PSD de Gilberto Kassab, homem forte do secretariado de Tarcísio de Freitas, que no apagão do ano passado culpou "a questão arbórea" pela falta de luz.
Eis o resumo da encrenca: Boulos culpa Nunes, que responsabiliza Lula, que é defendido por Silveira, que foi indicado pelo PSD, que é o partido do Kassad, que é homem forte do Tarcísio, que carrega a candidatura de Nunes sobre os ombros. Parece brincadeira de ciranda, cirandinha. Quem não quiser cirandar no papel de bobo precisa notar que não há inocentes no escuro, apenas culpados e cúmplices.
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