PT se divide entre a lavagem de roupa suja e a puxação de tapete
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Fechadas as urnas municipais, a presidente do PT Gleisi Hoffmann e o ministro petista Alexandre Padilha lavaram roupa suja fora do tanque partidário. Soaram como dois adversários de duas facções antagônicas. Mas são apenas dois correligionários à procura de explicações para o mau desempenho do PT.
Gleisi e Padilha parecem suspeitar que um puxa o tapete do outro. O ministro palaciano isentou Lula e o governo de responsabilidade pela permanência do PT no que chamou de "zona de rebaixamento" das eleições municipais. A chefe do PT cobrou "mais respeito" pelo partido. Ela vê o governo como parte do problema.
"Padilha devia focar nas articulações políticas do governo, de sua responsabilidade, que ajudaram a chegar a esses resultados", anotou Gleisi numa postagem nas redes. "Pagamos o preço, como partido, de estar num governo de ampla coalizão. E estamos numa ofensiva da extrema direita."
No dia seguinte ao primeiro turno, Padilha tentou atenuar as derrotas eleitorais da esquerda esgrimindo a tese segundo a qual "o conjunto de partidos que apoiam o governo" teria vencido. Agora, Gleisi trata o êxito da centro-direita como "preço" que o PT paga pela "ampla coalizão" que se formou ao redor de Lula.
Dividido entre a lavagem de roupa suja e a puxação de tapete, o PT é uma profunda aula de política. Nela, a voz da plateia, amplificada pelas urnas municipais, é um lamentável mal-entendido. Padilha culpa o PT. Gleisi vê problemas também no governo.
Olhando-se a controvérsia a partir do balcão de uma lanchonete, o risco que Padilha e Gleisi correm é a turma do Capão Redondo concluir que os dois têm razão.
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