Lula vive o dilema de Pelé, que soube escolher a hora de parar
Lula não sabe como chegará a 2026. Se chegar na condição que imagina, estalando de popularidade, jamais cogitará abrir mão da re-re-re-reeleição. Em maio, num momento de descontração, declarou no Rio Grande do Sul que pretende viver até os 120 anos, porque ainda precisa "disputar umas dez eleições". Imagina que estará "de bengala disputando eleições".
Por enquanto, o Datafolha informa que a terceira gestão de Lula é considerada boa ou ótima por 36% dos brasileiros. Esse desempenho é similar ao que foi obtido por Bolsonaro na mesma altura do seu mandato precário. Um mandato que a maioria do eleitorado decidiu não renovar em 2022.
Entre os muitos enigmas que rondam a política está a incerteza em relação aos candidatos que disputarão o Planalto em 2026. O barco de Bolsonaro bateu no iceberg da inelegibilidade. E não se sabe se o capitão sobreviverá às sentenças que estão por vir no Supremo. Por isso, busca-se uma alternativa presidencial à direita.
As dúvidas sobre o rumo da gestão Lula estimulam também a especulação sobre as opções à esquerda. A única diferença é que a articulação da direita foge ao controle de Bolsonaro. Na seara da esquerda, que ultrapassa o PT, não haverá a construção de uma alternativa sem a concordância e a coordenação de Lula.
Lula é hoje um homem atormentado pela mesma inquietação que o incomodava em 2000, ainda sob FHC. Naquela ocasião, manifestava em privado o desejo de terminar a carreira como Pelé, que soube escolher a hora de parar.
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