Josias: Nomeação de Musk mostra que novo Trump é idêntico ao velho Trump
Quem esperava por uma postura moderada de Donald Trump em seu retorno à Casa Branca viu que o republicano adota velhas práticas ao nomear o bilionário Elon Musk para seu governo, afirmou o colunista Josias de Souza no UOL News desta quarta (13).
Trump anunciou Musk como líder do Departamento de Eficiência Governamental. O gesto levantou polêmicas, uma vez que o dono do X (antigo Twitter) tem contratos vigentes com o governo norte-americano, em um potencial conflito de interesses.
A conversão de Musk em um assessor tão estratégico do governo é uma evidência de que o novo Trump é idêntico ao velho Trump. Muita gente imaginou que ele estava fazendo campanha e iria moderar o discurso. Aqui mesmo no Brasil muitos tiveram essa ilusão. Por que Trump faria isso e atenuaria seu comportamento agora que venceu Kamala Harris de maneira tão acachapante?
Isso é um prenúncio do que está por vir. No Brasil, havia gente como [o ministro da Fazenda Fernando] Haddad e o [assessor especial do presidente Lula] Celso Amorim dando declarações de que o Brasil teria uma relação normal com os EUA, tanto quanto a dos primeiros mandatos de Lula com George W. Bush.
Bush não existe mais; era um conservador, enquanto Trump é um arcaico. O Partido Republicano de outrora acabou. Foi dizimado e pulverizado por Trump. Vem coisa pior por aí. Josias de Souza, colunista do UOL
Josias alertou que os planos de Trump para preencher cargos vitais em sua nova gestão devem afetar a relação com o governo brasileiro, que deve se preparar para as dificuldades de diálogo.
Do ponto de vista do Brasil, a ascensão de Musk não é boa. Todos sabemos que ele tem suas conexões com o Brasil, com Bolsonaro e o bolsonarismo. Musk tem uma briga com o Supremo Tribunal Federal. Não tem poder de influência sobre as instituições no Brasil, mas pode azucrinar, como já o fez.
Vem coisa pior porque Trump está cogitando nomear Marco Rubio como secretário de Estado. Ele é um senador conhecido, de ascendência cubana, e entusiasta de Bolsonaro. Na prática, o secretário de Estado conduz a política externa dos EUA. Esse personagem já fez declarações contra o Lula, dizendo que ele é aliado de ditaduras na América Latina e deve ser tratado como inimigo.
Vamos ter como principal nome da chancelaria nos EUA um personagem que é avesso ao Lula. Qualquer pretensão da diplomacia brasileira e do Planalto de manter um relacionamento normal com Trump, como classificou Celso Amorim, está surfando em uma ilusão. Esse Trump moderado que algumas autoridades brasileiras supunham que surgiria não vai existir. É um personagem da carochinha. Josias de Souza, colunista do UOL
Tales: Musk comprou cargo no governo Trump, e virá coisa ainda pior
A nomeação de Elon Musk para um cargo no governo dos Estados Unidos prenuncia situações ainda mais graves na nova gestão de Donald Trump na Casa Branca, alertou o colunista Tales Faria.
Isso mostra que Trump está levando o liberalismo norte-americano ao paroxismo. Há agora um ministro poderosíssimo, que comprou esse cargo para tratar de assuntos nos quais há interesse direto nos negócios dele.
Mostra também que vem aí um Trump muito pior. Quem esperava por algo moderado pode se preparar. Não é só na escolha de Musk; é também na do secretário de Defesa [Pete Hegseth, apresentador da Fox News], que está falando na criação de um 'conselho de guerreiros'. Trump está voltando a uma estrutura militar dos tempos indígenas.
É o absurdo dos absurdos, e vamos nos preparar para isso. Tales Faria, colunista do UOL
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