Josias de Souza

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Opinião

Pixcaretagem da mentira fez do Pix peça de um terrorismo fiscal

Até outro dia, o Pix era um meio de pagamento moderno, simples, eficaz, seguro e gratuito. De repente, um movimento político reles, baseado na mentira, transformou o Pix em peça de terrorismo fiscal. A coisa começou com uma portaria trivial baixada pela Receita Federal. Uma onda de mentiras difundidas pelas redes sociais levou o governo a revogar nesta quarta-feira o documento editado na virada do ano.

No texto, o fisco havia apertado os parafusos de um sistema de controle que vigora desde 2015. Obrigava os bancos a informar movimentações financeiras acima de R$ 2 mil para pessoas físicas e R$ 6 mil para empresas. Incluía todo tipo de transação —Pix, TED, cartões de débito e crédito, popança e investimentos. O objetivo das normas é azeitar a fiscalização e coibir a sonegação.

A receita promovera dois ajustes singelos. Num, a obrigatoriedade de prestar informações foi estendida dos bancos tradicionais para bancos digitais, fintechs e empresas de maquininhas. Noutro, o valor das transações a serem repassadas ao fisco foi elevado para R$ 5 mil, no caso das pessoas físicas, e R$ 15 mil para as empresas.

Súbito, uma onda de falácias varreu as redes sociais. Expoentes do bolsonarismo, como o deputado Nikolas Ferreira, o senador Flávio Bolsonaro e o vereador Carlos Bolsonaro passaram a propagar maledicências segundo as quais o Pix seria tributado e o sigilo fiscal dos contribuintes seria quebrado. Tudo mentira.

O próprio Bolsonaro insinuou numa postagem que Lula tungaria um pedaço dos rendimentos de trabalhadores humildes. Mencionou brasileiros cujos rendimentos são majoritariamente isentos do pagamento de Imposto de Renda. Gente como diaristas, camelôs, cabeleireiras, jardineiros, pedreiros, taxistas, palhaços de festa e vendedores de pipoca. O terrorismo fiscal produziu pânico e golpes.

Quadrilhas enviaram por e-mail e Whatsapp boletos com cobranças inexistentes. Comerciantes desonestos passaram a cobrar mais de quem paga por meio do Pix. É crime, avisou o Procon de São Paulo. A mentira prevaleceu sobre os desmentidos do governo. Nesta quarta-feira, antes da revogação da portaria da Receita, o ministro Fernando Haddad (Fazenda) disse que mentirosos e golpistas serão processados criminalmente. Mas o estrago estava feito. A pixcaretagem da fake news conspurcou o Pix. O restabelecimento da confiança levará tempo. A oposição celebra um recuo que, na prática, favorece os sonegadores.

Opinião

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

156 comentários

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Joao Henrique Furlan Carnietto

Se que era fake, pq então o governo voltou a atrás, ou será que o VERDADEIRO motivo foi colocado a luz pela Direita!!!!

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Alberto Pirro Ruggiero

Esse governo criminoso merece 

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Marcio Francisco Zichia

V Assalagem pró desgoverno da UOL desesperada…E com razão!!

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