Bolsonaro suspeita que tem aliado desejando sua prisão
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Às vésperas de mais um ato político de Bolsonaro na Paulista, o centrão enfiou dentro do congelador a proposta de anistia que haveria de beneficiá-lo. A dificuldade de atrair a assinatura de líderes de partidos amigos para o requerimento de urgência que forçaria a votação do projeto da clemência leva Bolsonaro a suspeitar que tem aliado torcendo pela sua prisão.
Nessa versão, a popularidade de Lula ainda no vermelho estimula tecelões do centrão a apressar a costura de um projeto conservador unificado para a próxima sucessão. Dissemina-se nos subúrbios do Congresso a percepção de que mais vale para a direita um Bolsonaro preso em 2025 do que um inelegível voando sobre a campanha de 2026 como um estorvo para a articulação de um Plano B.
Premonitório, Bolsonaro declarou em agosto de 2021 que havia três alternativas para o seu futuro: estar "preso", "morto" ou obter a "vitória". Não morreu nem foi reeleito. Esquenta o banco dos réus no Supremo Tribunal Federal à espera da sentença condenatória. Há cinco meses, Valdemar Costa Neto, o presidente do PL, vaticinou: "Se for preso, Bolsonaro elege um poste de dentro da cadeia". É nisso que aposta o centrão.
Nesta sexta-feira, Bolsonaro almoçou com Ratinho Júnior, em Curitiba. Indagado se cogita apoiá-lo como candidato ao Planalto, desconversou: "Isso não está em pauta". Não procura substitutos, mas reféns para a sua agenda. A fila de candidatos ao espólio do capitão inclui também Tarcísio de Freitas, Romeu Zema e Ronaldo Caiado, que se lançou como opção presidencial nesta sexta, em Salvador.
Quem tem tantas hipotéticas alternativas não tem nenhuma. Daí a ameaça do centrão de condicionar o avanço da proposta de anistia no Congresso a um compromisso de Bolsonaro de desistir da ideia de forçar o TSE a indeferir sua candidatura em agosto de 2026, quando lançaria o filho Eduardo Bolsonaro.
Tenta-se convencê-lo de que o sonho de um indulto seria mais palpável se apoiasse Tarcísio de Freitas até março, tornando sua desincompatibilização do governo de São Paulo uma opção menos arriscada.
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