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Assaltante 'Radin 190' comandou roubos milionários em bairros nobres de SP
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"Radin 190". Esse foi o nome do perfil de WhatsApp escolhido por Danilo Oliveira Souza Frazão, 27, em um dos seis telefones celulares encontrados com ele durante cumprimento de mandados de prisão e busca e apreensão em 24 de fevereiro deste ano, na Vila Prudente, zona leste paulistana.
O assaltante é apontado pelo Deic (Departamento Estadual de Investigações Criminais), como integrante do PCC (Primeiro Comando da Capital) e líder de uma das maiores quadrilhas responsável por uma série de furtos e roubos a residências de alto padrão nos bairros mais ricos de São Paulo.
Segundo a Polícia Civil, Danilo escolheu o perfil "Radin 190" no WhatsApp porque tinha acesso a duas senhas do Copom Online da Polícia Militar e ajudava os comparsas nas ações delituosas, monitorando as chamadas do 190 e as movimentações das viaturas policiais nas regiões onde ocorriam os crimes.
A reportagem procurou a SSP (Secretaria Estadual da Segurança Pública) e questionou como Danilo teve acesso às senhas da PM. Em nota, a pasta informou que a investigação sobre o caso está sob sigilo pelo Deic. Segundo a SSP, a Polícia Militar revisa constantemente suas políticas de segurança de TIC (Tecnologia da Informação de Comunicação).
A nota diz ainda que desde 2022, a corporação limita ao máximo o uso da rede privada virtual, fazendo que o acesso ao ambiente corporativo fique restrito aos equipamentos instalados dentro das unidades policiais.
De acordo com a SSP, a diretoria de TIC está atualizando sua política de senhas do ambiente corporativo, visando ao fortalecimento da segurança de acesso ao ambiente cibernético e e-mail funcional, dentre outros.
As investigações do Deic mostram também que "Radin 190" era o responsável pelos contatos com advogados quando algum comparsa da quadrilha era preso em flagrante e levado para a delegacia da área onde o crime foi registrado.
O Deic apurou que o bando comandado pelo assaltante agia no Jardim Europa, Jardim Paulista, Moema, Pinheiros, Vila Mariana, Campo Grande e Morumbi, bairros nobres de São Paulo. Nas ações foram furtados ou roubados milhões em joias, além de veículos e moedas estrangeiras.
Veja a lista:
- Roubo em 4/11/22 na rua Barão de Pirapama, Morumbi.
- Furto em 16/11/22 na rua Igati, Campo Belo.
- Furto em 20/02/23 na rua Turquia, Jardim Europa.
- Furto em 21/02/23 na rua Nicolau Moraes Barros, Pinheiros.
- Furto em 19/03/23 na rua Desembargador Carneiro Lacerda, Moema.
- Furto em 24/03/23 na rua General Fonseca Teles, Jardim Paulista.
Na casa do Jardim Europa, os ladrões levaram R$ 1,5 milhão em joias da família de uma empresária. Da residência de Moema a quadrilha recolheu ao menos 40 peças em joias, avaliadas pelas vítimas em R$ 800 mil. Do imóvel no Jardim Paulista foram furtados vários relógios Rolex.
No Morumbi foram roubados colares, braceletes, pingentes, anéis, moedas estrangeiras e um veículo Mercedes-Benz. Os ladrões pegaram os telefones celulares das vítimas e fizeram várias transações bancárias via Pix. Segundo policiais, o bando não parou de agir mesmo após a prisão de "Radin 190".
Maior receptador de joias
Os agentes do Deic apuraram também que grande parte dos produtos furtados e roubados pela quadrilha de "Radin 190" era comercializada com Celso Cláudio Leite, 70. A Polícia Civil de São Paulo o classifica como o maior receptador de joias do Brasil.
De acordo com agentes do Deic, no celular de "Radin 190", analisado pela polícia, havia fotos das joias furtadas - inclusive da casa do Jardim do Europa - e mensagens do assaltante negociando as peças com Celso. O receptador foi preso no último dia 28.
O que dizem as defesas
Heraldo Mendes de Lima, advogado de Celso, diz que o cliente alega ser inocente de todas as acusações, jamais teve escritório clandestino para negociar joias roubadas ou furtadas, como afirma a polícia, e que há 40 anos mora e trabalha no mesmo endereço, na região central de São Paulo.
Segundo o defensor, é um exagero classificar Celso como o maior receptador de joias do país. O advogado afirmou que o cliente está sem enxergar há dois anos, é idoso, portador de doenças cardíacas, com indicação de nova cirurgia e que pediu à Justiça para que ele responda ao processo em liberdade.
Márcio Araújo Neves, advogado de Danilo, afirmou que não há prova de prática delituosa contra o cliente e que a prisão dele é desconexa. O defensor acrescentou que o preso é inocente, não integra o PCC e nunca teve acesso às senhas do Copom Online. "Isso é impossível", comentou o criminalista.
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