Josmar Jozino

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Reportagem

PCC pode ter matado sargento para vingar os 28 mortos na Operação Escudo

A Polícia Civil investiga se o PCC (Primeiro Comando da Capital) está por trás do assassinato do sargento aposentado da Polícia Militar Gerson Antunes Lima, 55, morto a tiros em São Vicente, na Baixada Santista, na tarde de sexta-feira (8).

Fontes ligadas às forças de segurança disseram à reportagem, na condição de anonimato, que o assassinato do sargento decorreu em represália aos 28 civis mortos pela PM na mesma região durante a Operação Escudo.

Na última terça-feira (5), o governo do estado de São Paulo anunciou o fim da Operação Escudo após sofrer uma série de críticas da Ouvidoria das Polícias e de entidades de Direitos Humanos por causa do alto índice da letalidade policial. Há suspeitas de que houve execução sumária.

O PM foi morto a tiros enquanto varria a rua em frente à casa dele. Quatro homens em duas motos se aproximaram do sargento. Um dos criminosos chegou com arma em punho e atirou praticamente à queima-roupa em Gerson. A ação foi registrada por câmeras de segurança da região.

As mesmas fontes asseguraram que as 28 mortes de civis na Operação Escudo aconteceram em retaliação ao assassinato do soldado Patrick Bastos Reis, da Rota (Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar), atingido por um tiro fatal em patrulhamento na noite de 27 de julho deste ano no Guarujá.

Guerra sem fim

A guerra sem fim entre a Polícia Militar e o PCC (Primeiro Comando da Capital) vem deixando inocentes mortos no estado de São Paulo desde 2012, quando foi mais intensa a batalha entre homens da Rota e integrantes da maior facção criminosa do país.

Naquele ano, policiais militares mataram 546 pessoas em supostos confrontos em todo o estado. Os casos eram classificados como "resistência seguida de morte". No mesmo período foram mortos 236 PMs, sendo 13 em serviço e 223 em folga.

Dados do MP-SP (Ministério Público do Estado de São Paulo) mostram que em 2012 o PCC foi responsável pelas mortes de 106 PMs em São Paulo. Já um levantamento feito pela Ouvidoria das Polícias apontou que de janeiro a setembro daquele ano, a Rota matou 65 pessoas em supostos confrontos.

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No sistema prisional havia rumores de que o conflito tinha se intensificado porque muitos faccionados do PCC "foram vítimas de flagrante forjado de tráfico de drogas e alguns acabaram torturados e assassinados pela Rota e os casos eram registrados como resistência seguida de morte". Porém, nada disso ficou comprovado.

Baixas dos dois lados

As vítimas mais recentes dessa guerra que dura décadas são o PM Gerson e a jovem Yasmin Isabel Alves do Carmo, 22. Na sexta-feira, após o assassinato do sargento, policiais militares participaram de uma operação no bairro Castelo, zona noroeste de Santos, em busca dos autores do crime.

Os PMs alegaram que desembarcaram da viatura para fazer o patrulhamento a pé e foram surpreendidos por um ciclista armado, que disparou contra eles. Houve revide. Yasmin foi atingida por uma bala na cabeça e não resistiu. Um militar e outros dois homens ficaram feridos.

Na noite de sábado (9), um cabo da Polícia Militar de 46 anos também foi atacado a tiros. O PM estava na frente da casa dele, em São Vicente, na companhia da filha de 13 anos, quando desconhecidos em um carro chegaram atirando. A vítima foi atingida por três disparos.

O ataque aconteceu na Cidade Náutica, mesmo bairro onde o sargento Gerson foi assassinado. O cabo foi socorrido em um hospital da região e passou por cirurgia. A Polícia Civil também apura se se trata de mais um atentado cometido pelo PCC.

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Somente de janeiro a setembro deste ano, oito policiais militares foram assassinados na Baixada Santista. Sete deles eram aposentados. Outros 13 PMs ficaram feridos nos ataques. Oito estavam em serviço, quatro em folga e um era inativo.

Outro ataque

Já na madrugada de domingo, uma dupla encapuzada em uma motocicleta feriu três pessoa a tiros na Vila Margarida, em São Vicente. Um homem de 29 anos foi atingido por seis disparos e está internado. Um adolescente de 13 anos sofreu ferimento na coxa e outro, de 15 anos, na perna.

Câmeras de segurança de um comércio filmaram os atiradores fugindo na moto. Moradores do bairro chegaram a comentar que os autores dos disparos eram policiais militares de um grupo de extermínio conhecido na região como "ninjas".

As mesmas fontes ouvidas pela reportagem acreditam que por causa do assassinato do sargento Gerson e do ataque ao cabo da PM em São Vicente haverá mais baixas dos dois lados, inclusive de inocentes, em razão do conflito entre a Polícia Militar e o PCC na Baixada Santista.

Reportagem

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