Caso Gritzbach: policiais presos usavam celulares e até drogas no cárcere
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Policiais civis presos após delações de Vinícius Gritzbach, 38, tinham telefones celulares e usavam os aparelhos à vontade, no Presídio Especial da Polícia Civil, na zona norte de São Paulo, onde estão recolhidos desde dezembro do ano passado.
Uma operação coordenada na unidade prisional hoje de manhã pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial e de Combate ao Crime Organizado) e Corregedoria da Polícia Civil encontrou 23 telefones celulares (um para cada três presos), 11 smartwatches, 14 carregadores de celular, 26 fones de ouvido, um notebook, pequena quantidade de droga, bebidas e facas.

O presídio abriga 69 detentos. Um promotor de Justiça que acompanhou a operação afirmou que nunca viu um lugar tão esculachado. "É um escárnio. Sem proporções", comentou.
Segundo o MP-SP (Ministério Ppúblico do Estado de São Paulo), os aparelhos móveis de telefonia estavam enterrados no pátio da unidade. Fontes do Gaeco disseram que os cinco policiais civis presos devido à delação de Gritzbach eram os mais preocupados com a blitz.
São eles o delegado Fábio Baena Martins, os investigadores Eduardo Lopes Monteiro, Marcelo Marques de Souza, o Bombom, Marcelo Ruggieri, o Xará, e Rogério de Almeida Felício, o Rogerinho. Todos foram denunciados por Gritzbach.

Também foram alvos da operação os policiais civis, Valdenir Paulo de Almeida, o Xixo, e Valmir Pinheiro, o Bolsonaro. Eles foram presos pela Polícia Federal em 3 de setembro de 2024, acusados de receber R$ 800 mil de criminosos para não levar adiante investigações sobre tráfico internacional de drogas. Ambos tinham ligações com Gritzbach.
Acesso à internet

O Gaeco agora quer saber como os presos tiveram acesso a dinheiro, aos telefones celulares e outros objetos apreendidos, inclusive um roteador e contabilidade do que cada um deles gastou com despesas para ter acesso à internet.
No último domingo, o Fantástico, da TV Globo, exibiu com exclusividade trechos de depoimentos à Justiça dos policiais delatados por Gritzbach. Eles juraram inocência. Um deles, Marcelo Bombom, disse que até ajoelharia, se preciso fosse, para provar que é vítima de injustiça.
Na casa dele, no entanto, o Gaeco e a Polícia Federal encontraram R$ 621 mil escondidos debaixo do colchão, como divulgou esta coluna em 31 de dezembro do ano passado.
O dinheiro foi apreendido em um apartamento de luxo avaliado em R$ 3 milhões na região do Tatuapé, zona leste paulistana. Marcelo Bombom tinha salário de R$ 12.189 e movimentou R$ 34 milhões em cinco anos.

Os telefones apreendidos hoje no Presídio Especial da Polícia Civil serão submetidos à análise pericial e podem trazer mais provas ainda contra os delatados por Gritzbach. Os policiais ainda correm o risco de serem transferidos para uma prisão comum.
A reportagem não conseguiu contato coam os advogados dos policiais civis citados, mas o espaço continua aberto para manifestações. O texto será atualizado se houver posicionamentos dos defensores de todos eles.
Vinícius Gritzbach foi assassinado a tiros em 8 de novembro do ano passado, no aeroporto internacional de Guarulhos. Ele havia delatado policiais civis envolvidos em corrupção e também um advogado e dois empresários por supostas ligações com o PCC (Primeiro Comando da Capital).
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