Josmar Jozino

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Acusado de planejar o roubo de R$ 1 bilhão do BB continuará preso em SP

A Justiça de São Paulo indeferiu o pedido de transferência do preso Alceu Ceu Gomes Nogueira, 41, para uma penitenciária federal. A solicitação havia sido feita pela SAP (Secretaria Estadual da Administração Penitenciária) em junho deste ano.

O preso, conhecido como Cara Branca, foi condenado a 11 anos e 4 meses sob a acusação de ter planejado o roubo de R$ 1 bilhão do Banco do Brasil, na Chácara Santo Antônio, zona sul de São Paulo, em 2 de outubro de 2017. A quadrilha foi presa por policiais civis horas antes de praticar o crime.

O bando alugou uma casa perto do banco e construiu um túnel de 600 m de comprimento, até o cofre do banco. Na obra foram usados lanternas, serras elétricas, discos de corte, máquinas de solda, macacos hidráulicos, maçaricos e carrinhos em trilhos para transportar o dinheiro. Uma denúncia anônima pôs fim ao plano dos criminosos.

Túnel de 600 m de compriment construído até o cofre do BB
Túnel de 600 m de compriment construído até o cofre do BB Imagem: Reprodução

Na avaliação da SAP, Nogueira, é integrante do PCC (Primeiro Comando da Capital) e oferece alto risco à segurança da Penitenciária 2 de Presidente Venceslau (SP), onde está recolhido desde 25 de outubro de 2017.

Segundo a SAP, há denúncias de que Nogueira pertence ao chamado "novo cangaço" e pode ser resgatado pelo grupo de assaltantes acusado de dominar cidades com armamento de guerra, como metralhadora 50, capaz de derrubar aeronaves, e explodir agências bancárias para realizar grandes roubos.

O juiz Hélio Narvaez, do Deecrim-1 (Departamento Estadual de Execuções Criminais-1), rejeitou o pedido da SAP por entender que "há pendência de comprovação efetiva da participação do preso em organização criminosa". A decisão foi tomada no último dia 21.

O que diz a defesa do preso

O advogado Bruno Ferullo disse que apresentou à Justiça a defesa técnica de Alceu Ceu Gomes Nogueira e obteve êxito em comprovar a inexistência de um cenário de insegurança prisional que justificaria a transferência do cliente para o Sistema Penitenciário Federal.

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Para o defensor do preso, "em irretocável e acertada decisão, o juízo do Deecrim-1 rejeitou o pedido formulado pela Secretaria da Administração Penitenciária para a inclusão do sentenciado em estabelecimento penal federal de segurança máxima".

Medo de resgate

Por temer possível resgate, a SAP chegou a pedir a remoção de 13 presos da Penitenciária 2 de Presidente Venceslau e mais 8 da Penitenciária 1 de Avaré, como divulgou esta coluna em 23 de junho e 3 de julho deste ano.

Nessa lista constam os nomes de um assaltante envolvido no roubo de R$ 130 milhões do Banco do Brasil de Criciúma (SC) em 1º de dezembro de 2020, e outro acusado de roubar R$ 117,3 milhões em ouro do Aeroporto de Guarulhos em 25 de julho de 2019.

O serviço de inteligência da Secretaria Estadual da Administração Penitenciária diz que esses presos integram o PCC e o "novo cangaço" e que o plano de resgate deles estava em andamento. Advogados dos prisioneiros alegam que nada foi provado contra os presidiários tidos como resgatáveis.

Até agora, a Justiça indeferiu os pedidos de remoções de Cara Branca e também de Elinelson Alexandre Ferreira, 38, o Pinga, acusado pela tentativa de roubo de R$ 90 milhões de agências bancárias de Araçatuba (SP) em 30 de agosto de 2021. Os demais casos ainda não foram julgados.

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