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"Bonnie e Clyde" planejaram o roubo de R$ 130 milhões de banco em Criciúma
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Kauane Rafaela Dutra, 27, e Alex Sandro Siqueira Antônio, 40, são chamados nos meios policiais de "Bonnie e Clyde" brasileiros. O apelido é uma referência ao lendário casal norte-americano acusado por uma série de roubos a bancos e lojas nos Estados Unidos no início da década de 1930.
Segundo a Polícia Civil de Santa Catarina, Kauane e Alex planejaram o roubo de R$ 130 milhões da agência do Banco do Brasil em Criciúma, no final da noite de 30 de novembro de 2020. Foi o maior assalto da história registrado no estado e um dos maiores no país.
Ambos estavam escondidos em um luxuoso condomínio em Votorantim (SP), na semana passada, quando acabaram capturados por policiais civis paulistas e catarinenses. Diferentemente do casal norte-americano, morto a tiros pela polícia dos Estados Unidos, os brasileiros foram presos ilesos.
O UOL não conseguiu contato com os advogados de Kauane e Alex. O criminalista Paolo Alessandro Farris defendeu Alex, mas saiu do caso e não quis se manifestar. Ele não soube dizer se o casal havia contratado novos defensores.
As investigações apontaram que Kauane e Alex, além do planejamento do roubo, também deram apoio logístico à quadrilha e foram responsáveis pela aquisição de veículos e locação de casas e galpões utilizados como base de apoio para os comparsas.
Eles foram filmados em um posto de combustíveis na cidade de Osório, no Rio Grande do Sul, abastecendo um veículo blindado vinculado ao assalto em Criciúma.
Parte do bando é do PCC
A Polícia de Santa Catarina acredita que ao menos 30 assaltantes participaram da ação. Até agora foram identificadas 16 pessoas acusadas de envolvimento no crime e 15 estão presas. A maioria é de São Paulo. Parte do bando é acusada de pertencer ao PCC (Primeiro Comando da Capital).
No dia 28 de abril deste ano, o juiz Rodrigo Francisco Cozer, da 1ª Vara Criminal da Comarca de Criciúma, havia determinado a inclusão dos nomes de Kauane e Alex na difusão vermelha - a lista de procurados - da Interpol, a Polícia Internacional.
As suspeitas eram a de que "Bonnie e Clyde" brasileiros, procurados havia seis meses, já tinham saído do Brasil. O nome de Mônica Pinheiro Cristino, 50, a única foragida do bando, casada com um preso de São Paulo, também foi incluído na lista da Interpol. O UOL não localizou os advogados dela.
De acordo com o Ministério Público de Santa Catarina, durante duas horas os criminosos aterrorizaram a população de Criciúma com as sequências de explosões e tiros de fuzis. Várias pessoas foram feitas reféns e usadas como escudo humano pelos ladrões.
O bando ateou fogo em veículos e bloqueou estradas e ruas para impedir a aproximação policial. Também atacou o 9º Batalhão e feriu gravemente um PM. Antes da fuga, os assaltantes armaram explosivos na cidade com objetivo de fazer detonação remota à distância.
Dinheiro enterrado
Policiais civis apuraram que "Bonnie e Clyde" alugaram ao menos oito imóveis em Santa Catarina e no Rio Grande do Sul como base de apoio dos assaltantes. A possibilidade de os ladrões terem enterrado os R$ 130 milhões roubados do Banco do Brasil não está descartada.
E isso porque em um dos galpões locados, em Gravataí (RS), foi apreendido um documento de um fabricante de sacos funerários. Na documentação havia uma etiqueta com o número de lote 406. A empresa informou à polícia que tal lote se referia à confecção de 700 unidades do produto.
Ainda segundo informações do fabricante, cada manto funerário tem durabilidade de 150 a 250 anos. O material geralmente é usado por empresas ligadas ao serviço funerário para revestir a parte interna dos caixões fúnebres.
Policiais civis do Deic (Departamento Estadual de Investigações Criminais), da Polícia Civil de São Paulo, ouvidos pelo UOL, disseram que ladrões de bancos usam sacos funerários para enterrar o dinheiro roubado e armas usadas nos crimes porque o material é resistente e tudo pode ficar escondido por longo tempo, caso alguém envolvido no crime seja identificado e preso.
Na ação de Criciúma, os criminosos estavam armados de fuzis e até de metralhadora calibre 50, capaz de perfurar blindados e de derrubar inclusive aeronaves.
A reportagem procurou o delegado Anselmo Firmo de Oliveira Cruz, da Polícia Civil de Santa Catarina, responsável pelas investigações do roubo milionário, e deixou vários recados, mas não teve retorno.
A princípio havia a informação de que tinham sido roubados R$ 125 milhões do Banco do Brasil. Porém, ao negar habeas corpus para um dos acusados de participar do crime, a desembargadora Cinthia Beatriz da Silva Bittencourt Schaefer observou que foram levados ao menos R$ 130 milhões.
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