Oito brasileiros do PCC têm cidadania portuguesa, diz polícia de Portugal
Oito integrantes brasileiros do PCC (Primeiro Comando da Capital) teriam obtido passaportes com nacionalidade portuguesa de maneira ilegal em consulados de Portugal no Brasil utilizando nomes falsos ou de mortos. A informação é da Polícia Judiciária daquele país, que abriu inquérito e investiga o caso.
As autoridades lusitanas têm as qualificações dos oito brasileiros e chegou à lista com a ajuda da Polícia Federal do Brasil. O consulado de Portugal no Rio de Janeiro foi alvo de operações conjuntas de policiais dos dois países nos dias 7 e 27 de novembro deste ano.
Na segunda operação foram cumpridos mandados de busca e apreensão na capital fluminense e em Saquarema, na região dos Lagos. Há suspeita de que, além de criminosos do PCC, integrantes do CV (Comando Vermelho) se infiltraram no consulado para obter a dupla cidadania.
A Polícia Judiciária de Portugal sabe que os oito membros do PCC são considerados "graduados" na maior facção criminosa brasileira. A suspeita é que eles conseguiram o passaporte, por meio de corrupção, para fortalecer a logística da rede de narcotráfico em território lusitano.
O PCC é apontado pela PF e Interpol (Polícia Internacional) como o maior exportador de cocaína da América do Sul para a Europa. Toneladas da droga são enviadas por mês ao continente, principalmente para Portugal, via portos brasileiros, em especial o de Santos (SP).
Dos 8 nomes, 2 são conhecidos das autoridades portuguesas. Segundo a Polícia Judiciária de Portugal, um deles é o de Leonardo Serro dos Santos, condenado em outubro pela Justiça Federal no Brasil a 18 anos de prisão por tráfico internacional de drogas. O outro nome é o da mulher dele.
O advogado de Serro dos Santos nega qualquer irregularidade e sustenta que "a nacionalidade portuguesa de Leonardo é originária, por descendência, e o processo observou todos os preceitos legais, sendo instruído com a documentação necessária para o efeito, cujo qual foi analisado e deferido pelas autoridades portuguesas. E mais, é mister salientar que, ao contrário do que foi veiculado, a esposa de Leonardo nunca foi cidadã portuguesa e, sequer, deu entrada em um processo com esse objetivo".
A quadrilha de Serro foi acusada de enviar 6,6 toneladas de cocaína para a Europa e a África entre dezembro de 2020 e fevereiro de 2022. Acusado de integrar o grupo, o ex-jogador de futebol Alexsandro Marques de Oliveira, campeão carioca pelo Vasco da Gama em 2003, foi condenado a dez anos de prisão.
Há informações de que Serro — considerado foragido pela Justiça brasileira — e a mulher estão escondidos em território português. Policiais locais esperam prendê-los em breve. Caso isso aconteça, a Justiça de Portugal vai cassar a dupla cidadania do casal e extraditá-lo para o Brasil.
Português batizado no PCC
Agentes da Polícia Judiciária portuguesa têm outra lista com nomes de mais 42 suspeitos de ligação com o PCC e de residir em Portugal graças à dupla cidadania. Desse total, cinco estão presos naquele país. A relação será confrontada com os registros de passaportes emitidos no Brasil.
O jornal Correio da Manhã publicou reportagem na edição de ontem informando que um português residente naquele país foi batizado pelo PCC. Segundo o veículo, o batismo ocorreu em Cascais e o novo faccionado teve de preencher um questionário e responder até se era homossexual.
O crescimento do PCC em Portugal preocupa as autoridades lusitanas, europeias e brasileiras. Um relatório do serviço de segurança português diz que a facção criminosa brasileira já tem mil integrantes em terras lusitanas, conforme divulgou esta coluna no dia 6 de novembro deste ano.
O documento foi apresentado em duas reuniões promovidas pelo SIS (Serviço de Informações de Segurança) e alarmou a Polícia Judiciária e o governo de Portugal. Parte dos faccionados do PCC estaria concentrada na margem sul do Rio Tejo, porta de entrada de cocaína para a Europa.
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