Caso Gritzbach: Mandante fretou avião um dia antes do crime e foi para o RJ

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Um dia antes do assassinato de Antônio Vinícius Lopes Gritzbach, morto com tiros de fuzil em 8 de novembro de 2024 no aeroporto internacional de Guarulhos, o homem apontado como mandante do crime fugiu de avião para o Rio de Janeiro para ficar acima de qualquer suspeita.
Segundo investigações da Polícia Civil de São Paulo, Emílio Carlos Gongorra Castilho, 44, o Bill ou Cigarreiro, embarcou em um avião de pequeno porte por volta das 18h de 7 de novembro do ano passado, véspera do assassinato de Gritzbach, no aeroporto de Jundiaí (SP) rumo à capital fluminense.
O DHPP (Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa) apurou que Cigarreiro fretou a aeronave em Jundiaí. O dono do hangar, não informado pela polícia, será intimado para depor. Ao desembarcar no Rio, Cigarreiro foi direto para a casa dele na Comunidade da Vila Cruzeiro, no bairro da Penha.
As motivações para o assassinato de Gritzbach
O departamento também já crava quais foram as motivações do crime: uma delas é porque Cigarreiro tinha fortes laços de amizade com o narcotraficante Anselmo Bechelli Santa Fausta, 38, o Cara Preta, homem influente no PCC (Primeiro Comando da Capital).
Cara Preta foi assassinado a tiros em dezembro de 2021 no Tatuapé, zona leste paulistana. Gritzbach foi acusado de ser o mandante da morte dele porque teria investido ao menos R$ 100 milhões em criptmoedas do narcotraficante e desviado o dinheiro.
Traficante de armas e drogas para o PCC e CV (Comando Vermelho) do Rio de Janeiro, Cigarreiro foi apresentado aos líderes da facção paulista por Cara Preta e tinha vínculos e trânsito livre com criminosos das duas organizações. A polícia acredita que ele ainda permanece escondido na Vila Cruzeiro.
O outro fator que motivou o crime- diz o DHPP - é que Cigarreiro também deu mais de R$ 4 milhões para Gritzbach investir em criptomoedas e ficou no prejuízo. Foi por esse motivo que ele sequestrou Gritzbach em fevereiro de 2022 e o levou para um "tribunal do crime" do PCC no Tatuapé.
Após ser libertado, Gritzbach contou aos amigos que Cigarreiro era do CV. Disse ainda que o inimigo, em setembro de 2019, era um dos criminosos da organização que fugiu a um cerco da PM pela mata na Cidade de Deus, zona oeste carioca. As imagens da fuga correram o mundo.
Assassinato foi planejado no Tatuapé
O plano para matar Gritzbach foi arquitetado em um galpão de Cigarreiro no bairro do Tatuapé, zona leste de São Paulo. Também participou da reunião Diego dos Santos Amaral, o Didi, supostamente foragido na Bolívia e primo de Kauê do Amaral Coelho, apontado como o olheiro do assassinato.
Kauê continuaria escondido na casa de Cigarreiro, no Rio. Foi ele que avisou aos assassinos o momento exato em que Gritzbach desembarcava e deixava o terminal 2. Três PMs acusados de participar da execução do crime estão presos.
Um dos militares detidos é o tenente Fernando Genauro da Silva. Ele era amigo íntimo de Gritzbach, frequentava a casa dele a fazia escolta para a família da vítima. Os outros militares acusados são o cabo Dênis Antônio Martins e o soldado Ruan Silva Rodrigues.
Gritzbach foi atraído por Cigarreiro a viajar até Maceió, em Alagoas, para buscar joias avaliadas em R$ 1 milhão. As peças foram entregues a ele a mando de Pablo Henrique Borges, como forma de pagamento de uma dívida. No retorno a São Paulo, a vítima sofreu a emboscada.
Há rumores no DHPP de que os PMs envolvidos na execução de Gritzbach teriam recebido de Cigarreiro de R$ 3 milhões a R$ 6 milhões em criptomoedas pelo assassinato.
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