Josmar Jozino

Josmar Jozino

Siga nas redes
Só para assinantesAssine UOL
Reportagem

Advogado aguardava audiência com preso sem saber da morte de cliente em SP

O advogado Anderson dos Santos Domingues estava grudado à tela do computador, aguardando a audiência virtual com Reginaldo Oliveira de Sousa, 48, o Rê, preso da Penitenciária 2 de Presidente Venceslau (SP), por volta das 15h, quando foi avisado que o atendimento havia sido suspenso.

O presídio não informou o motivo. Mas logo em seguida o defensor soube pela reportagem publicada no UOL que o cliente dele havia sido assassinado a facadas na unidade prisional durante a soltura para o banho de sol, depois do almoço.

O criminalista iria repassar ao cliente as informações sobre o processo no qual Rê é acusado de envolvimento no plano para sequestrar o senador Sérgio Moro (União Brasil/PR) e o promotor de Justiça Lincoln Gakiya, de Presidente Prudente (SP).

Segundo o advogado, o processo está em fase de alegações finais e a intenção dele na audiência virtual marcada para esta segunda-feira era tranquilizar o réu e dizer que ele seria absolvido.

Além de Rê, também foi assassinado na mesma prisão Janeferson Aparecido Mariano, 48, o Nefo, apontado por investigações conduzidas pela Polícia Federal como o líder do plano para sequestrar Moro e Gakiya, a mando do PCC.

Segundo fontes do sistema prisional disseram que Nefo teria falado demais e, por isso, acabou morto por determinação da célula restrita do PCC, responsável por coordenar atentados terroristas e ataques contra prédios públicos e autoridades.

Nefo e Rê foram presos em março do ano passado pela PF durante a Operação Sequaz, deflagrada para desarticular a célula terrorista da facção criminosa. Outras sete pessoas acusados de pertencer ao bando também foram detidas.

Réus no processo

Em maio do ano passado, a juíza Sandra Regina Soares, da 9ª Vara Federal de Curitiba, aceitou denúncia contra 13 acusados. Oito deles viraram réus pelos crimes de organização criminosa e extorsão mediante sequestro. Um deles era Nefo.

Continua após a publicidade

Os outros são Claudinei Gomes Carias, o Nei, homem de confiança de Nefo: os irmãos Herick da Silva Soares, Sonata, e Franklin da Silva Correa, o Frank; Aline de Lima Paixão, companheira de Nefo; Aline Ardnt Ferri: Cintia Aparecida Pinheiro Melesqui e Hemilly Adriane Mathias Abrantes.

Já os réus Patrik Velinton Salomão, o Forjado; Valter Lima do Nascimento, o Guinho; Rê; Sidney Rodrigo Aparecido Piovesan, o El Sid, e Oscalina Lima Graciotte, foram denunciados por organização criminosa.

Os acusados foram identificados pela PF a partir de denúncia feita por um ex-integrante do PCC ao Gaeco (Grupo de Atuação especial e de Combate ao Crime organizado), de Presidente Prudente, subordinado ao MP-SP) Ministério Público do Estado de São Paulo).

O delator forneceu nomes e números de telefones dos envolvidos no planejamento do ataque e contou que bem antes de revelar tudo ao Gaeco era ameaçado de morte por Nefo, que segundo ele pertence ao PCC e seria o chefe da célula da facção responsável pela organização da ação terrorista

Ainda segundo o delator, Sérgio Moro deveria ser sequestrado para servir como moeda de troca para a libertação de líderes do PCC recolhidos em presídios federais, especialmente nas Penitenciárias de Brasília (DF) e de Porto Velho (RO).

Todos os réus foram investigados durante a Operação Sequaz. Forjado, apontado pelo MP-SP como integrante da cúpula do PCC, e El Sid, solto em setembro do ano passado, mesmo tendo contra ele um mandado de prisão por homicídio, não foram encontrados pelos agentes federais.

Reportagem

Texto que relata acontecimentos, baseado em fatos e dados observados ou verificados diretamente pelo jornalista ou obtidos pelo acesso a fontes jornalísticas reconhecidas e confiáveis.

Deixe seu comentário

Só para assinantes