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Leonardo Sakamoto

REPORTAGEM

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Governo do MA multa Bolsonaro por causar aglomeração e não usar máscara

21.mai.21 - Presidente Jair Bolsonaro (sem partido) em Açailândia, no Maranhão - Reprodução/TVBrasil
21.mai.21 - Presidente Jair Bolsonaro (sem partido) em Açailândia, no Maranhão Imagem: Reprodução/TVBrasil

Colunista do UOL

21/05/2021 19h23Atualizada em 21/05/2021 22h42

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O governo Flávio Dino (PC do B) autuou Jair Bolsonaro (sem partido) por infração sanitária, nesta sexta (21), por descumprir decretos estaduais que obrigam cidadãos a usarem máscaras em espaços públicos, não promoverem aglomerações e não realizarem eventos - medidas sanitárias contra a covid-19. O presidente da República cometeu a infração em Açailândia, município a 560 quilômetros da capital São Luís.

De acordo com a assessoria do governo do Maranhão, o valor pode variar entre R$ 2 mil e R$ 1,5 milhão. Ele tem 15 dias para apresentar sua defesa e, a partir daí, a Vigilância Sanitária, responsável pela autuação, definirá o valor.

Bolsonaro realizou ato para a entrega de 282 títulos de propriedade rural a assentados em Açailândia, promovendo aglomeração de fãs e curiosos nas ruas e na sede do Sindicato dos Produtores Rurais. Em diversos momentos, ele cumprimentou a multidão sem usar máscara.

Isso ocorre no momento em que a nova cepa indiana do coronavírus (B.1.617.2), com maior potencial de contágio, chegou ao Brasil através de um navio cargueiro vindo da África do Sul que está fundeado exatamente na costa do Maranhão. Os profissionais de saúde que tiveram contato com a tripulação estão sob observação.

No evento, ele estava acompanhado do general Augusto Heleno, ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional, de Tarcísio Gomes de Freitas, ministro da Infraestrutura, de Tereza Cristina, ministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, de Gilson Machado, ministro do Turismo, de Geraldo Melo, presidente do Incra, e de Carlos Bolsonaro, vereador do município do Rio de Janeiro.

De acordo com o auto de infração, as seguintes irregularidades foram constatadas: "Descumprimento da obrigação de uso de máscara de proteção como medida farmacológica destinada a contribuir para a contenção e prevenção da covid-19, em locais de uso coletivo, ainda que privados; promover, em evento da Presidência da República, aglomerações sem controle sanitário com mais de 100 pessoas, no endereço Rodovia BR-222, s/n, km 5, Sindicato dos Produtores Rurais, Bairro Parque das Nações, município Açailândia".

Multa Bolsonaro - Arte/UOL - Arte/UOL
Imagem: Arte/UOL

"Estamos vivendo uma fase especialmente desafiadora da pandemia. A equipe da saúde tem trabalhado muito. E hoje resolveu lavrar auto de infração contra o presidente da República, pela promoção no Maranhão de aglomerações sem nenhum cuidado sanitário. A lei é para todos", postou o governador, no Twitter, na noite desta sexta.

O presidente também fez uma parada de helicóptero no município de Senador La Rocque, onde promoveu nova aglomeração.

Bolsonaro chamou Flávio Dino de 'ditador' e confundiu Coreia do Sul com a do Norte

Durante a viagem ao Maranhão, Jair Bolsonaro disse que o Estado será "libertado da praga" do comunismo. O governador Flávio Dino é filiado ao Partido Comunista do Brasil (PC do B).

"Lá na Coreia do Sul [na verdade, Coreia do Norte] é uma ditadura e o ditador não é um gordinho? Na Venezuela também é uma ditadura e não é gordinho o ditador? E quem é o gordinho ditador aqui no Maranhão?", disse para os apoiadores, em referência a Dino.

Bolsonaro afirmou que a perda de empregos durante a pandemia não foi culpa do governo federal, mas do governo do Estado. "Quem fechou o comércio, obrigou vocês a ficar em casa e destruiu milhares de empregos foi o governador". E mentiu ao dizer que as medidas de distanciamento e isolamento social adotadas pelo Maranhão "não têm qualquer comprovação científica".

Logo após os ataques do presidente, que também envolveram o ex-presidente Lula (PT), Flávio Dino, em entrevista a Fabíola Cidral, no UOL News, afirmou que a aglomeração causada pela comitiva de Bolsonaro foi um "desrespeito à população" e um "gesto insano".

No Twitter, o governador do Maranhão também postou: "Bolsonaro anda preocupado com o meu peso, algo bem estranho e dispensável. Tenho ótima saúde física e mental. E estou ocupado com vacinas, pessoas doentes, medidas sociais, coisas sérias. Trabalho muito. Não tenho tempo para molecagens, cercadinhos e passeios com dinheiro público".

A multa, segundo a assessoria do governo, deve ser enviada ao Palácio do Planalto.