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Bolsonaro vai xingar Putin por regras anticovid como faz com governadores?
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Jair nem parece Bolsonaro em Moscou. Desembarcou usando máscara, está fazendo vários exames de covid-19 e permanece em relativo isolamento social, evitando as conhecidas aglomerações que ele produz de propósito nas cidades que visita. Pelo menos até se encontrar com Vladimir Putin, que não quer contato com o coronavírus.
O protocolo é adotado por todos os que se encontram com o mandatário russo. Não seria diferente com Bolsonaro, ainda mais por se tratar de um sujeito que se orgulha em dizer que não se vacinou contra a covid-19, não respeita nenhuma regra sanitária de prevenção à doença no Brasil e acredita em uma estratégia suicida que todos deveriam pegar covid-19 para alcançar uma irreal imunidade de rebanho.
O máximo que Jair conseguiu até agora, pelo que relatam os colegas que estão cobrindo a visita do brasileiro, é um turismo guiado e controlado ao Kremlin. Se fizer algo fora do combinado, como comprar um ímã de geladeira na Praça Vermelha, não se encontra com Putin.
E volta para o Brasil sem a foto que tanto quer para postar nas redes sociais a fim de mostrar para seus seguidores que não é o pária que aparenta ser.
Será que Bolsonaro vai aproveitar para xingar o presidente russo como ele faz com os prefeitos e governadores brasileiros que exigem máscara, testes e isolamento para a covid-19?
Será que vai dizer a Putin que ele é ridículo porque a "morte é o destino de todo mundo", como não se cansa de repetir por aqui?
Será que olhará para o russo e dirá com todos os perdigotos possíveis "chega de frescura, de mimimi", como criticou, em 4 de março do ano passado, as medidas de restrição para a covid?
Ou Bolsonaro vai comprovar a percepção de que é tigrão com uns e tchutchuca com outros? E que, no fundo, ele sabe seguir regras de bom convívio social. Mas a vida no Brasil, sabe como é, vale menos que na Rússia.