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Leonardo Sakamoto

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Medo de que PT volte encosta em medo de que Bolsonaro fique, diz Quaest

Regina Duarte e Jair Bolsonaro (Reprodução). - Reprodução / Internet
Regina Duarte e Jair Bolsonaro (Reprodução). Imagem: Reprodução / Internet

Colunista do UOL

17/08/2022 10h10

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"Eu tenho medo." A atriz Regina Duarte, que proferiu a frase diante da possibilidade da vitória de Lula frente a José Serra, em 2002, voltou a usá-la nesta semana para defender Bolsonaro e atacar o petista. Por enquanto, ela é minoria, uma vez que o temor quanto a Jair e maior que aquele representado por Luiz.

Diante da questão "O que você tem mais medo?", a resposta "continuidade de Bolsonaro" passou de 52%, em junho, para 45% agora, na segunda quinzena de agosto. Enquanto isso, "volta do PT" foi de 35% para 40% no mesmo período. A diferença que era de 17 pontos caiu para cinco. Quem respondeu "os dois" foram 6%, e nenhuma das opções, 3%.

Esse é um dos indicadores trazidos pela nova pesquisa Genial/Quaest, divulgada nesta quarta (13), mostrando um ambiente menos tóxico para o atual presidente, o que abre caminho para seu crescimento.

No geral, a diferença entre Lula e Bolsonaro permaneceu em 12 pontos, passando de 44% a 32% para 45% a 33%. As sondagens, contudo, não são comparáveis dado que entraram e saíram candidatos entre elas. A margem de erro é de dois pontos.

Mas mudanças que dizem respeito à qualidade de vida dos eleitores são percebidas e transformadas em voto mais lentamente do que as alterações abruptas causadas por grandes bobagens feitas pelos candidatos ou a revelação de escândalos de corrupção.

Medo/Genial/Quaest - Reprodução - Reprodução
Pesquisa Genial/Quaest, de 17/08/2022: O que você tem mais medo?
Imagem: Reprodução

E a campanha em rádio e TV do presidente, que começa em breve, vai tentar bombá-lo como uma espécie de novo "Pai dos Pobres" para que sua paternidade pelos R$ 600, de agora e o da pandemia, seja reconhecida.

Os que discordam que Bolsonaro merece uma segunda chance foram de 62%, em abril, para 54%, agora, e os que defendem que ele merece passaram de 35% para 44%.

Isso tem relação direta com a queda da avaliação negativa do governo, que passou de 56%, em novembro do ano passado, para 41% em agosto. A gestão de Bolsonaro também ostenta a sua melhor avaliação desde julho de 2021, com 29%. A avaliação negativa de Bolsonaro caiu em todas as regiões do país e faixas etárias.

E se, em novembro de 2021, 73% consideravam que a economia havia piorado nos 12 meses anteriores, agora essa taxa caiu para 52%. Já aqueles que consideram que a capacidade de pagar as contas nos três últimos meses piorou foi de 60%, em abril, para 48%, agora.

A economia vai melhorando lentamente, com medidas eleitoreiras que serão uma bomba-relógio para o próximo governo e através da destinação de impostos estaduais, que iriam para a saúde e a educação, a fim de reduzir o preço dos combustíveis. A questão é se rápido o suficiente para impedir uma vitória de Lula. Por enquanto, a deflação de 0,68%, em julho, contrasta com a alta de 1,3% nos alimentos - que prejudica os mais pobres.

Os mais apressados dirão que isso significa que a tática flopou, mas o impacto da distribuição de dinheiro a mais de 20 milhões de famílias (sendo que 2 milhões delas saíram da fila do benefício, ou seja, recebiam zero e ganharão R$ 600) pode estar apenas começando.

Ao que tudo indica, Bolsonaro registrou um ganho eleitoral com na expectativa do Auxílio Brasil temporário de R$ 600, como mostraram as pesquisas, mas após o início do pagamento, no dia 9 deste mês, ainda não houve nova melhora.

Entre os que recebem o Auxílio Brasil, 36% afirmam que o novo valor de R$ 600 melhora muito a vida da família. E enquanto 62% sabem que ele surge apenas para ajudar a eleição de Bolsonaro, 33% acreditam que é para ajudar as pessoas.

Bolsonaro sempre soube que não tiraria o bloco dos mais pobres de perto de Lula, mas aposta ser capaz de abocanhar uma parte dele. Considerando que eles são a maioria do país, isso bastará se ele estiver forte em outros estratos. A questão, como sempre, é o tempo para a percepção de melhora na vida nesse grupo.

Por isso, o rádio e a TV são tão importantes. Para tentar explicar ao Brasil que o pacote de compra de votos tem dono.

Em tempo: De acordo com a pesquisa, 55% rejeitam Bolsonaro e 44% Lula, números que permaneceram estáveis desde o último levantamento. Mentiras (como a de que o petista vai fechar igrejas e os outdoors difamatórios contra ele plantados em várias cidades) estão sendo usadas para tentar erodir a sua imagem e aproximar esses índices. A guerra suja está só começando.