Topo

Leonardo Sakamoto

REPORTAGEM

Texto que relata acontecimentos, baseado em fatos e dados observados ou verificados diretamente pelo jornalista ou obtidos pelo acesso a fontes jornalísticas reconhecidas e confiáveis.

Governo Bolsonaro reconhece vice de Castillo como nova presidente do Peru

Pedro Castillo, presidente afastado do Peru                              - ALDAIR MEJIA / Peruvian Presidency / AFP
Pedro Castillo, presidente afastado do Peru Imagem: ALDAIR MEJIA / Peruvian Presidency / AFP

Colunista do UOL

07/12/2022 18h24Atualizada em 07/12/2022 20h08

Receba os novos posts desta coluna no seu e-mail

Email inválido

O governo Jair Bolsonaro, em nota divulgada na tarde desta quarta (7), reconheceu a então vice, Dina Boluarte, como a nova presidente do Peru, bem como a constitucionalidade da destituição de Pedro Castillo do cargo pelo Congresso. O presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva também reconheceu Boluarte. Horas antes de ser afastado, Castillo havia anunciado uma tentativa de dissolução do parlamento, convocado novas eleições e decretado estado de exceção.

"O governo brasileiro manifesta sua disposição de seguir mantendo as sólidas relações de amizade e cooperação que unem os dois países e deseja êxito à presidente Dina Boluarte em sua missão como chefe do Estado peruano", divulgou, em nota, o Ministério das Relações Exteriores brasileiro.

Em nota divulgada, na noite desta quarta, Lula também reconheceu Dina Baluarte como mandatária, afirmando que espera que ela "tenha êxito em sua tarefa de reconciliar o país e conduzi-lo no caminho do desenvolvimento e da paz social". O petista disse que acompanhou com preocupação os fatos que levaram à destituição de Castillo, mas entende que "tudo foi encaminhado no marco constitucional".

Questionados pela coluna, três membros da equipe de transição de Luiz Inácio Lula da Silva afirmaram que o governo federal não consultou o presidente eleito antes de reconhecer a nova presidente.

Pedro Castillo foi eleito, no ano passado, com uma plataforma à esquerda, apesar de defender uma pauta conservadora em comportamentos e costumes, na esteira da insatisfação dos peruanos com os políticos tradicionais.

Bolsonaro, que chegou a dizer na época que "perdemos o Peru" (Castillo venceu a candidata de extrema direita, Keiko Fujimori, filha do ex-presidente Alberto Fujimori, no segundo turno), não compareceu à posse em julho de 2021. Mas encontrou-se com ele, em fevereiro deste ano, em Porto Velho (RO), afirmando que as divergências haviam sido superadas.

A destituição do presidente peruano foi aprovada por 101 votos a favor, sendo que apenas 87 bastavam. A informação da polícia é que ele está detido.

De acordo com a nota do Itamaraty, as medidas adotadas por Castillo são "incompatíveis com o arcabouço normativo constitucional daquele país" e representavam "violação à vigência da democracia e do Estado de Direito". Também afirma que o Brasil acompanha com preocupação a situação no país vizinho e, assim como Lula, vê a destituição como "constitucional".

"Espera-se que a decisão constitucional do Congresso peruano represente a garantia do pleno funcionamento do Estado democrático no Peru", diz o governo brasileiro.

"O que o Peru e a América do Sul precisam neste momento é de diálogo, tolerância e convivência democrática, para resolver os verdadeiros problemas que todos enfrentamos", afirma Lula em sua nota. "Em meu governo, trabalharemos de forma incansável para reconstruir a integração regional, para o que a amizade entre o Brasil e o Peru é fundamental", completa.