Topo

Leonardo Sakamoto

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Torres guardou de lembrança prova de que governo Bolsonaro planejou golpe

 Anderson Torres e Jair Bolsonaro -  O Antagonista
Anderson Torres e Jair Bolsonaro Imagem: O Antagonista

Colunista do UOL

12/01/2023 16h42Atualizada em 13/01/2023 13h11

Receba os novos posts desta coluna no seu e-mail

Email inválido

Se burrice fosse crime previsto no Código Penal, Anderson Torres, ex-ministro da Justiça de Jair Bolsonaro, certamente pegaria uma cana longa por conta disso. Afinal, poucas pessoas politicamente visadas manteriam guardadas em seu armário evidências de que o governo do antigo chefe planejou dar um golpe de Estado.

A Polícia Federal afirma ter encontrado na casa de Torres uma minuta de um decreto para intervir no Tribunal Superior Eleitoral e melar as eleições segundo reportagem de Vinicius Sassine e Camila Mattoso, da Folha de S.Paulo. O documento teria sido produzido depois do segundo turno.

A investigação da PF precisa indicar como a peça golpista foi feita. Surgiu a pedido de Jair ou foi coisa voluntarista de um dos geniais assessores que o rodeavam? Outra pergunta: se ela não foi coisa do núcleo do governo, por que ficou guardada no armário? A justificativa de que estava esperando ser descartada, dada por Torres, é um ultraje à inteligência. Ao receber uma proposta desse tipo, no mínimo, o ministro teria que jogá-la fora ou, de preferência, entregá-la à polícia - coisa que ele não fez.

A questão é que a proposta não parece ser alienígena, mas vai ao encontro da narrativa do então presidente, que sistematicamente atacou o TSE e seus ministros por não se dobrarem às suas necessidades eleitorais.

Anderson Torres assumiu o cargo de secretário de Segurança Pública do Distrito Federal na virada do ano. Na semana passada, mudou o esquema de segurança na capital federal e viajou para os Estados Unidos.

O colunista do UOL, Tales Faria, apontou que ele teria se encontrado com Jair Bolsonaro, que está em um auto-exílio em Orlando, na Flórida, um dia antes de uma horda de golpistas bolsonaristas praticar atos terroristas em Brasília.

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, apontou que as mudanças e omissões de Torres contribuíram para que a PM do DF permitisse a invasão, depredação e pilhagem do Congresso, do Palácio do Planalto e do STF. Por isso, decretou sua prisão provisória.

O mais bizarro não é constatar que o governo Bolsonaro tenha pensado em saídas para um golpe, pois ele avisou que faria isso. Mas que, mesmo após a posse de Lula, Jair, Torres e sua trupe continuem tentando provocar o caos no Brasil a fim de derrubar o Estado democrático de Direito. E ainda estejam soltos.