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Leonardo Sakamoto

REPORTAGEM

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Além de réu por bomba, ministério de Damares empregou liderança golpista

Réu por tentativa de explosão de uma bomba próximo ao Aeroporto Internacional de Brasília, o bolsonarista Wellington Macedo de Souza, ao lado da ex-ministra e hoje senadora Damares Alves  - Reprodução/Redes sociais
Réu por tentativa de explosão de uma bomba próximo ao Aeroporto Internacional de Brasília, o bolsonarista Wellington Macedo de Souza, ao lado da ex-ministra e hoje senadora Damares Alves Imagem: Reprodução/Redes sociais

Colunista do UOL

20/01/2023 16h02

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Ao menos dois bolsonaristas envolvidos na organização de atos golpistas, em Brasília, trabalharam no Ministério da Mulher, da Família e do Direitos Humanos durante a gestão de Damares Alves. A "coincidência" aponta que a pasta, farol do ultraconservadorismo no governo Jair Bolsonaro, pode ter servido como um berçário do golpismo.

Renan Silva Sena, preso nesta sexta (20), em meio a uma operação contra participantes, financiadores e fomentadores da invasão do Palácio do Planalto, Supremo Tribunal Federal e Congresso Nacional em 8 de janeiro, foi analista de projetos do setor socioeducativo do ministério.

Ele teria articulado a captação de recursos para bancar o acampamento golpista no Quartel-General do Exército, base para o ataque às cúpulas dos poderes. No momento em que foi encontrado no Distrito Federal, a Polícia Federal encontrou R$ 22 mil em dinheiro vivo em seu poder.

Em maio de 2020, Sena agrediu e cuspiu em enfermeiras que homenageavam colegas mortos por conta da covid-19 na Praça dos Três Poderes. No mês seguinte, foi apontado como um dos autores dos ataques ao prédio do STF com fogos de artifício. Ele chegou a ser detido por fazer ameaças a autoridades.

Foragido da Justiça, o jornalista Wellington Macedo de Souza é apontado como o terceiro responsável por plantar uma bomba em um caminhão de combustíveis para explodir o Aeroporto de Brasília no dia 24 de dezembro. O atentado foi organizado no acampamento golpista em frente ao Quartel-General do Exército, na capital federal.

Macedo trabalhou no ministério de Damares como assessor da Secretaria Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente em 2019. Ele já havia sido preso pela PF por articular atos violentos para o 7 de setembro de 2021. Colocado em prisão domiciliar, arrancou a tornozeleira eletrônica após tramar a explosão do aeroporto e fugiu.

Após ele ter se tornado réu pelo caso, Damares afirmou, em suas redes sociais, que Macedo não era seu assessor direto e que condenava atos de vandalismo e depredação do patrimônio público. E tentou se distanciar, literalmente, dizendo que trabalhava em um prédio diferente do dele. Internautas responderam com fotos em que os dois aparecem juntos.

Damares foi lembrada também entre os presos por participarem dos atos golpistas do dia 8.

Viralizou nas redes sociais um vídeo gravado por golpistas que reclamavam que o banheiro do espaço da Polícia Federal onde estavam detidos era um "chiqueiro" e que a comida era "marmita de cadeia que nem cachorro come". Em determinado momento, elas pedem: "Direitos humanos, agora! Socorro! Damares, socorro! Socorro, Damares!"