Sakamoto: Libertação do Assange alivia jornalistas que desmascaram governos
A liberdade de imprensa saiu como grande vencedora com a libertação de Julian Assange, que representa um alento para os jornalistas de todo o planeta, afirmou o colunista Leonardo Sakamoto no UOL News desta terça (25).
Fundador do WikiLeaks, Assange deixou ontem a prisão em Londres, na qual estava desde 2019, após firmar um acordo com a Justiça dos Estados Unidos. O jornalista e ativista australiano concordou em se declarar culpado da acusação de complô por revelar dados secretos de defesa nacional sobre a atividade militar dos EUA no Iraque e no Afeganistão.
A libertação do Assange é um alívio para jornalistas que desmascaram governos em todo o mundo e, nesse sentido, tem uma importância muito grande. É um sinal de que você, mesmo lutando diante do governo norte-americano, talvez a instituição mais poderosa do planeta, pode fazer com que a liberdade de expressão enfim prevaleça.
Na prática, é uma campanha global que envolveu presidentes progressistas, religiosos, organizações de vários países, imprensa e a sociedade civil, pressionando o governo dos EUA e mostrando todo o ridículo daquela situação. Leonardo Sakamoto, colunista do UOL
Para Sakamoto, não se deve olhar para o caso de Assange pelo lado pessoal, mas sim pelo direito à liberdade de expressão.
Quando se discute sobre o tema do Assange, muitos acabam entrando no passado dele. Não é o Assange que está em jogo, mas sim a prisão por ele ter feito o que fez, algo que jornalistas fazem todos os dias: pegam informações que governos não querem tornar públicas e consideram sigilosas e, em nome do interesse público, divulgam isso.
O fato de um jornalista estar preso há muitos anos por conta disso era um mau sinal. Por mais que seja doloroso por ter passado tanto tempo, é um sinal alvissareiro que mesmo a instituição mais poderosa do mundo teve que fazer um acordo devido a essa pressão, que importou.
Foi tudo em nome do Assange? Não; em nome da liberdade de imprensa. Hoje é um dia no qual a liberdade de expressão vence. O que se trata aqui é o direito de informar livremente. Leonardo Sakamoto, colunista do UOL
Jamil: Assange fica livre em momento de debate sobre desinformação
A libertação de Julian Assange se dá em um momento de intenso debate sobre o papel da internet na propagação de notícias falsas e de discursos de ódio, disse Jamil Chade. O colunista relembrou a entrevista com o fundador do WikiLeaks em 2013, na qual o ativista já alertava sobre os riscos que a internet representava.
Quando o WikiLeaks acontece e Assange começa a denunciar o funcionamento da internet, não existia o termo fake news e o debate sobre a desinformação e a disseminação do ódio. Isso não era um tema de governo ou de debate nacional. Era, acima de tudo naquele tempo, um assunto de vigilância.
Ele fica livre em um momento no qual a internet vem a público com outro debate: regulação. Qual será a voz de Assange em relação a isso, à desinformação e à disseminação do ódio? Jamil Chade, colunista do UOL
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