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Nova regra fiscal de Lula bate volta de Bolsonaro nas redes, aponta Quaest
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A nova regra fiscal divulgada pelo governo Lula ganhou do retorno de Jair Bolsonaro dos Estados Unidos em menções nas redes sociais nesta quinta (30), segundo levantamento realizado pela Quaest.
O ex-presidente liderou as conversas nas redes até as 10h, depois foi suplantado pelas regras fiscais e pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, responsável por divulga-la ao público.
De acordo com o diretor da Quaest, Felipe Nunes, no somatório do dia, o regime fiscal teve 10 mil mais menções que a volta de Bolsonaro. "Mais uma evidência de que a estratégia de publicar o novo arcabouço fiscal hoje, junto com a chegada do ex-presidente Bolsonaro, foi acertada", afirmou.
Nunes compara o retorno do ex-presidente ao Brasil a outros momentos, como os atos golpistas de 7 de setembro do ano passado. Naquele momento, Jair conseguiu 680 mil menções. No dia 30 de dezembro, quando ele voou para a Flórida, foram outras 520 mil. E, agora, seu retorno rendeu 483 mil menções.
Para entender a relevância desses números, vale a pena comparar com as menções em outros momentos. Em 7/9 do ano passado, por exemplo, Bolsonaro conseguia quase 700 mil menções. A volta do presidente só conseguiu 480 mil menções nos últimos 7 dias, ou seja, bem menos.
"Não dá para ignorar a força de comunicação que qualquer governo tem. A disputa de ontem mostra que, com estratégia, até um assunto técnico pode servir para fazer a disputa política. Bolsonaro vai ter mais dificuldade fora do governo", afirmou Nunes à coluna. "Lula precisa aproveitar melhor a força de comunicação do governo."
A informação trazida pelo levantamento da Quaest mostra que Bolsonaro perdeu a disputa com Lula no seu principal campo de batalha, as redes sociais.
Ao longo desta quinta, ele já havia perdido entre as prioridades dos veículos de comunicação, que mantiveram o arcabouço fiscal como manchete principal. Enquanto Jair respondia, em entrevista, sobre o escândalo das joias dadas pela ditadura saudita, que ele disse serem decorrentes da "amizade com o povo árabe", ignorando as suspeitas de suborno e propina, Haddad e Tebet davam entrevista apresentando as novas regras para limitar os gastos do governo em substituição ao teto de gastos.
A política e a economia esperavam de Lula esse novo arcabouço, que será agora discutido e emendado no Congresso Nacional, como sinalização de que o governo está comprometido com as contas públicas. Disso dependem investimentos, planejamento de empresas, ou seja, a reconstrução do país.
A vitória simbólica do governo Lula frustra planos de bolsonaristas que contavam com a prioridade que seria dada pelas redes e pela imprensa para pautar o debate público. Apenas alguns veículos mais alinhados ao bolsonarismo continuaram priorizando Jair após Haddad e Tebet começarem a falar, o restante voltou-se à economia.
Os atos golpistas de 8 de janeiro (repletos de impressões digitais de Jair) e o escândalo das joias árabes (que ele tomou para si apesar de pertencerem ao governo) reduziram muito a vontade de parte dos seus seguidores de demonstrarem publicamente o seu amor por ele. Mas não há dúvidas de que o ex-presidente continua como a mais importante figura da oposição ao governo Lula, até por falta de opções. Foram 49,1% dos votos válidos.