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Collor é mais um aliado de Bolsonaro que será enviado pelo STF à prisão
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Com a sensação de mais de 30 anos de atraso, o ex-presidente e ex-senador Fernando Collor (PTB) foi condenado pelo STF à prisão por corrupção passiva e lavagem de dinheiro nesta quinta (25). Há 15 dias, o tribunal anulava o perdão concedido ao ex-deputado Daniel Silveira, confirmando sua condenação que havia sido suspensa por Bolsonaro. Dessa forma, Jair vê a entrada da cadeia se abrir para dois aliados próximos em um curto espaço de tempo.
A eles, somam-se outros que foram presos de forma provisória em meio a investigações que, coincidentemente, têm Bolsonaro como figura central, como o ex-ministro Anderson Torres, o ex-faz-tudo Mauro Cid, o amigão Ailton Barros.
Como esquecer a cena de um Collor, transtornado, gritando a plenos pulmões "Bolsonaro! Bolsonaro! Bolsonaro!", em um evento eleitoreiro em Maceió, em 28 de junho do ano passado, com a participação do então presidente?
Não era amor, mas uma cilada de autopreservação. Com poucas chances de vencer o governo do estado, ele apostava que uma vitória de Jair lhe garantisse alguma forma de proteção em meio às desventuras judiciais. Não deu certo, e a conjuntura política mudou, com um governo federal que não quer o fechamento da corte.
Agora o relator, Edson Fachin sugere 33 anos de cana para o ex-presidente que sofreu impeachment e foi cassado em meio a denúncias de corrupção em 1992. E, depois, deu a volta por cima, voltou ao Congresso como senador para, novamente, ser pego em mutreta: em um desdobramento da Lava Jato, foi acusado de receber R$ 20 milhões em propina.
Daniel Silveira, que ficará para a história como o político que tripudiou de uma Marielle Franco recém-executada e ameaçou agredir ministros do STF com um gato morto, se tornou uma assombração para aqueles aliados próximos de Jair Bolsonaro que, como ele, ajudaram a fomentar um golpe de Estado. Temem o mesmo destino do ex-deputado, correligionário de Collor, que já amarga uma cana na penitenciária de Bangu.
Silveira havia sido condenado a oito anos e nove meses por atacar a democracia e ameaçar ministros da corte. Em abril do ano passado, o então deputado foi elevado à posição de "mártir da liberdade", sendo usado como justificativa pelo ex-presidente para que seus seguidores atacassem o STF. E dizendo que não aceitaria a decisão do tribunal, subverteu o instituto da graça, dando a ele o perdão que, agora, o Supremo considerou inconstitucional por desvio de finalidade.
À medida em que a Polícia Federal desenterra mais fatos, outros aliados de Bolsonaro vão aparecendo desempenhando papéis em crimes envolvendo o ex-presidente. Muita gente deve estar preocupada com a perda de proteção garantida pelo Palácio do Planalto. Mas, de todos, o mais ressabiado deve ser o próprio Jair.
Depois que o STF rejeitou conceder um habeas corpus a Lula em 2018, levando o petista a amargar 580 dias na prisão (posteriormente, o tribunal cancelou a condenação por vícios no processo e declarou o juiz Sergio Moro parcial no julgamento), muita gente apostou que dificilmente a corte mandaria novamente um ex-presidente para o xilindró. O caso de Collor prova que não é bem assim.
Bolsonaro deve estar de cabelo em pé.