Letícia Casado

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Diplomatas veem estabilidade em comércio entre Brasil e EUA após eleições

Diplomatas ouvidos pelo UOL dizem que a política comercial entre Brasil e Estados Unidos não deve ser alterada a partir do próximo governo, seja ele comandado pelo republicano Donald Trump ou pela democrata Kamala Harris. Os americanos vão às urnas nesta terça-feira (5) para finalizar o processo da eleição presidencial, que já começou por meio da votação pelo correio.

Os EUA são o segundo maior parceiro comercial do Brasil, atrás apenas da China. No primeiro semestre deste ano, o Brasil registrou crescimento recorde nas exportações para os Estados Unidos.

Na avaliação de um diplomata, houve "uma continuidade muito grande" na linha de negócios entre os países desde a administração Trump, que encerrou em janeiro de 2021, e "o comércio vai seguir constante".

Entre os exemplos, afirma, estão as negociações que envolvem a política energética de ambos os países e o fornecimento de matéria-prima do Brasil para os Estados Unidos. Petróleo, aço e combustível estão entre os principais produtos exportados para os norte-americanos.

Trump já disse que, se eleito, vai aumentar tarifas de importação, o que eventualmente poderia encarecer as exportações brasileiras. No entanto, a medida, que precisa de aval do Congresso, provocaria inflação no mercado dos EUA.

A expectativa entre diplomatas se assemelha à visão das Forças Armadas: "Se na área das relações internacionais as coisas são pragmáticas, na Defesa são mais pragmáticas ainda", disse ao UOL um general quatro estrelas.

Negócios à parte, ambiente pode ser impactado

Uma eventual vitória de Harris facilitará o diálogo entre Brasil e Estados Unidos sobre pautas climáticas e sociais. Ela é a vice do atual presidente, Joe Biden, cuja agenda climática ocupa papel central no governo.

Não à toa, o presidente Lula (PT) disse estar torcendo pela democrata —em 2022, Trump declarou apoio à reeleição de seu adversário, Jair Bolsonaro (PL).

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João Ricardo Costa Filho, professor da pós-graduação master da FGV (Fundação Getulio Vargas), diz que, se Trump ganhar, o ambiente internacional como um todo vai ficar diferente e isso pode ter impactos de maneira indireta no Brasil. Ele cita a posição de Trump contra acordos multilaterais e a favor do protecionismo.

Enquanto esteve no governo, o ex-presidente promoveu uma guerra comercial contra a China por meio de aumento de tarifas sobre produtos importados do país para dificultar a entrada de produtos chineses nos Estados Unidos. A consequência indireta foi que a tensão entre as duas maiores economias do mundo amedrontou investidores, provocou reações em cadeia, como a que afetou escalas produtivas, e freou o crescimento global em 2019, segundo o FMI (Fundo Monetário Internacional).

Um grupo na diplomacia entende que Lula pode sofrer mais pressão para fazer "escolhas" estratégicas nas relações com os EUA e com a China.

Costa Filho destaca que o Brasil não é prioridade para os Estados Unidos e, portanto, não é esperado que o governo americano tome medidas drásticas que influenciem diretamente o país.

"A gente não faz parte da agenda prioritária deles há bastante tempo. Não deve ter impacto direto se Trump ganhar de novo. Se Kamala Harris vencer, também não consigo ver o que teria de diferença para o governo Biden."

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Texto que relata acontecimentos, baseado em fatos e dados observados ou verificados diretamente pelo jornalista ou obtidos pelo acesso a fontes jornalísticas reconhecidas e confiáveis.

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