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Mauricio Stycer

REPORTAGEM

Texto que relata acontecimentos, baseado em fatos e dados observados ou verificados diretamente pelo jornalista ou obtidos pelo acesso a fontes jornalísticas reconhecidas e confiáveis.

JN exibe como "inéditas" imagens do caso Moïse já reveladas pelo UOL

Colunista do UOL

10/02/2022 15h03Atualizada em 10/02/2022 18h39

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O Jornal Nacional anunciou como novidade na noite de quarta-feira (9) um vídeo que o UOL exibiu no sábado (5). Naquele dia, o UOL Notícias publicou a reportagem "Vídeo inédito mostra as últimas horas de Moïse no quiosque onde foi morto", da repórter Lola Ferreira.

O conteúdo inédito ao qual o UOL teve acesso mostra o congolês Moïse Kabagambe sozinho e desacordado por 21 minutos após a sessão de agressões ao lado do quiosque. As imagens também revelam que o Samu tentou reanimar o congolês por 25 minutos e que há outros homens envolvidos no episódio que não tiveram a identidade divulgada pela Polícia Civil. O UOL exibiu uma edição de imagens de 7 minutos e 2 segundos.

Ainda no sábado, o "SBT Brasil" exibiu reportagem sobre o assunto, trazendo trechos das imagens reveladas pelo UOL e dando créditos ao portal.

No sábado, ainda, um produtor do jornalismo da Globo procurou o UOL pedindo as imagens obtidas pelo portal. Foi informado que as imagens poderiam ser cedidas, desde que a emissora desse crédito ao UOL. A conversa não avançou.

No domingo, no "Fantástico", reportagem de Sonia Bridi trouxe alguns trechos do mesmo vídeo revelado pelo UOL na véspera, mostrando o atendimento do Samu e a tentativa, sem sucesso, de reanimar o congolês. Mas o dominical da Globo não disse que eram imagens inéditas.

Já no Jornal Nacional desta quarta, o apresentador William Bonner anunciou: "Imagens que estavam inéditas mostram outros detalhes sobre o assassinato do congolês Moïse no Rio".

É a reportagem de abertura do telejornal, anunciada assim por Renata Vasconcellos: "A TV Globo teve acesso a três horas de imagens que mostram outros detalhes da noite em que o jovem congolês Moïse foi espancado até a morte no Rio". A reportagem tem 2 minutos e 57 segundos. Parte das imagens mostradas estão na edição de sábado do UOL.

Para o leitor ou espectador comum, o caso pode parecer irrelevante. Para jornalistas não é. A descoberta de informações inéditas é um dos principais objetivos do trabalho jornalístico e o valoriza.

Procurada às 11h, a Globo não respondeu até as 15h, quando este texto foi publicado. Às 17h40, a emissora enviou uma mensagem em que não explica por que chamou de "inéditas" as imagens reproduzidas no "Jornal Nacional", sendo que já haviam sido exibidas pelo UOL cinco dias antes.

A Globo disse que "as imagens mostradas no JN de ontem fazem parte de um pacote de mais de três horas e foram obtidas diretamente com as fontes pela equipe da Globo no Rio e apresentadas desde os telejornais da hora do almoço", algo que não foi contestado pelo UOL.

Acrescento que os dois telejornais locais do Rio, a propósito, não chamaram as imagens de "inéditas", como fez o JN.