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Jovem Pan processa Greg News por "falsidades", mas juiz vê apenas "crítica"
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Fato pouco comum, uma empresa de comunicação pediu direito de resposta na Justiça contra uma outra empresa do mesmo ramo. O caso que opôs a Jovem Pan contra a HBO e o programa "Greg News" terminou com derrota para a rádio.
O objeto da ação foi o episódio 23 da quinta temporada de "Greg News", exibido pela HBO em 24 de setembro de 2021 (disponível no YouTube). Inteiramente dedicado à Jovem Pan, o programa critica a emissora de Antônio Augusto Amaral de Carvalho Filho, conhecido como Tutinha, por defender o governo Bolsonaro cegamente.
"Só no YouTube a Jovem Pan acumula cerca de 250 milhões de espectadores, o que faria dela a maior produtora de conteúdo jornalístico da América Latina, se desse para chamar o que ela faz de jornalismo. O que, como veremos, é um pouco difícil", diz Gregorio Duvivier na abertura do episódio.
Dois aspectos do programa motivaram o pedido de direito de resposta. Primeiro, a informação de que Tutinha teve uma reunião com o ministro das Comunicações, Fabio Faria, que o levou para conhecer as instalações de um canal de TV que poderia ser adquirido em São Paulo. O empresário afirma que essa reunião jamais ocorreu.
A questão, como observou o juiz Guilherme Santini Teodoro, do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, é que o programa "Greg News" deixou clara a fonte da informação e noticiou também o desmentido de Tutinha. "Não tem nada a ver com o governo; isso não passa por governo. Inventam muita coisa, é tudo mentira", afirmou o empresário. Ao que Duvivier observou: "Essa última frase, inclusive, podia ser o slogan do canal".
O outro questionamento da Jovem Pan ao "Greg News" dizia respeito a uma informação sobre a CPI instaurada no Congresso em 1993 para apurar irregularidades na criação da TV Jovem Pan. Duvivier leu um trecho do relatório final, que concluiu citando Antônio Augusto Amaral de Carvalho, o Tuta, por "suposto envolvimento em falsificação de documentos, superfaturamento e até com o sumiço de tapetes comprados para a nova emissora de TV". O juiz Santini Teodoro não viu nenhuma ofensa nesta passagem do programa, mas apenas a reprodução das conclusões da CPI.
E conclui dizendo: "Por fim, no tocante a trechos supostamente ofensivos, não verifiquei, em análise sumária, intuito de macular a honra objetiva da autora, pois o programa cita exemplos da programação da própria autora para questionar sua atuação como empresa de jornalismo e o material produzido, tudo para respaldar a opinião crítica, acompanhada de humor e sátira, sobre propagação de notícias falsas por conta da pandemia viral em curso e sua estreita relação com o governo federal."
E ainda acrescenta: "A crítica ácida, a opinião contundente, a sátira, o humor veiculados no programa dos réus não configuraram ofensas contra a autora, mas somente exercício regular das liberdades de imprensa e de manifestação de pensamento."
Trata-se de decisão em primeira instância, passível de recurso.
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