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Mauricio Stycer

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Folha: 'White Lotus' conforta o espectador ao mostrar ricos como cretinos

Aubrey Plaza, Will Sharpe, Theo James e Meghann Fahy vivem casais amigos e rivais em "The White Lotus" - Divulgação
Aubrey Plaza, Will Sharpe, Theo James e Meghann Fahy vivem casais amigos e rivais em "The White Lotus" Imagem: Divulgação

Mauricio Stycer

Colunista do UOL

04/12/2022 07h01

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Há tantas séries de televisão dedicadas a expor o mundo dos ricos que é possível dizer até que formam uma espécie de gênero. São quase sempre dramas temperados com humor ("dramédia"), altamente satíricas, eventualmente caricatas. "Downton Abbey" e "Succession" estão possivelmente entre as realizações mais bem-sucedidas neste campo. Ambas falam de ricos inalcançáveis pelo ser humano comum, a primeira na Inglaterra do início do século 20 e a segunda nos Estados Unidos de hoje.
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Há um outro conjunto de séries que buscam retratar ricos um pouco mais próximos do chão. Penso, por exemplo, em "Big Little Lies", "Nove Desconhecidos" e "The White Lotus". São séries que, de alguma forma, produzem o efeito de confortar o espectador. Seus belos protagonistas são inseguros e cretinos, eventualmente cruéis, canalhas e tão idiotas como a gente gostaria que eles fossem.
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Mais ainda que "Big Little Lies", "White Lotus" também apresenta uma estética publicitária, quase de promoção turística, com a exibição constante de paisagens espetaculares e cenas de lazer em palácios de luxo, iates e bares à beira da piscina. Olhando pelo lado positivo, é como se o espectador estivesse recebendo um adicional de beleza pelo preço de conviver com personagens tão neuróticos e egoístas.

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