Batistas perdem processo contra rival por entrevista e pagam R$ 40 mil
A J&F, holding que reúne os negócios dos irmãos Joesley e Wesley Batista, foi obrigada a pagar R$ 40 mil de indenização a Claudio Cotrim, diretor-executivo da Paper Excellence no Brasil. A J&F e a Paper travam uma batalha pelo controle da fabricante de celulose Eldorado.
Os Batista foram condenados por litigância de má-fé, depois de processar Cotrim por uma entrevista concedida à Folha de S.Paulo em 14 de abril de 2019.
Na entrevista, o executivo revelava que, para finalizar a venda da empresa, os irmãos haviam solicitado R$ 6 bilhões a mais pela Eldorado depois do negócio já selado. O preço inicial acertado pelos dois lados era de R$ 15 bilhões.
"Achávamos que nosso contrato era forte, mas não há contrato que se defenda de má-fé", disse Cotrim na época.
Questionado pela reportagem da Folha se havia gravado a conversa e se tinha provas dessa nova proposta dos Batista, o executivo respondeu que não — que dispunha apenas do testemunho das pessoas que haviam participado da reunião.
Por causa da entrevista, a J&F processou Cotrim por injúria, calúnia e difamação na esfera criminal e pediu danos morais na área cível.
Em sua defesa, os advogados de Cotrim utilizaram argumentos apresentados pela defesa dos Batista em outra ação em que os dois lados se enfrentam - um pedido de tutela de urgência instaurado pela Paper em 2018.
Naquele processo, a J&F confirmava a realização de uma reunião entre os dois lados nos dias 25 e 26 de agosto de 2018 num hotel nos Estados Unidos, na qual teria sido apresentada uma proposta de um valor maior pela participação da holding na Eldorado.
Diante das contradições nos dois processos, o juiz Guilherme Ferreira da Cruz, da 45ª vara cível do Tribunal de Justiça de São Paulo, condenou os Batista por litigância de má fé e determinou o pagamento da indenização. Os irmãos também perderam na área criminal. A J&F, no entanto, recorreu ao STJ e depois ao STF.
Em setembro de 2023, o plenário do STF referendou o parecer da relatora, a então ministra Rosa Weber, que confirmou a decisão de primeira instância.
E, na quinta-feira (15) da semana passada, Cotrim recebeu o pagamento. O executivo vai doar o dinheiro. Procurada, a J&F não se manifestou.
Reportagem
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