Raquel Landim

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Reportagem

Braga Netto afirmava ser 'bode expiatório' de cadeia de comando inexistente

Antes de ser preso na manhã deste sábado (14), o general Braga Netto dizia a aliados que acreditava ser um "bode expiatório" dos investigadores da Polícia Federal para comprovar uma "cadeia de comando" inexistente.

O general da reserva é um dos personagens mais mencionados no relatório de 884 páginas da Operação Contragolpe, sendo citado 98 vezes. Ele é acusado de três crimes: tentativa de abolição do estado democrático de direito, golpe de Estado e organização criminosa.

O principal argumento da PF para mandar prender o general é ter encontrado na casa de um assessor, o coronel Flávio Peregrino, informações sobre a delação premiada de Mauro Cid. Isso poderia caracterizar o crime de obstrução de Justiça.

Relatos colhidos pela coluna são de que essas informações foram passadas não por Cid, mas por deputados que participavam das CPIs do Golpe no Congresso Nacional e na Câmara Legislativa do Distrito Federal e que foram utilizadas pelo general para se preparar para os depoimentos.

Fontes da defesa de Braga Netto também questionam o que chamam de "inconsistências" nas investigações.

Cid disse à PF que não conhecia o "plano Punhal Verde Amarelo" para matar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o vice-presidente Geraldo Alckmin e o ministro Alexandre de Moraes. No entanto, o ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro afirma que Braga Netto participou de uma reunião e aprovou o plano.

Braga Netto nega ter conhecimento desse plano e seus advogados questionam como ele poderia ser o coordenador da operação e não existir nenhuma mensagem entre ele o general Mário Fernandes, que estava à frente da operação.

Em suas conversas com aliados, Braga Netto sustentava que é uma "falácia" que alguns militares estariam "traindo" Bolsonaro e articulando um "golpe dentro do golpe".

Ele afirmou a aliados que - junto com outros generais como Augusto Heleno, Paulo Sérgio, e também o Almirante Garnier - foi leal ao ex-presidente até o fim do governo e que estava "buscando soluções constitucionais para apoiar" Bolsonaro.

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Na visão de juristas, discutir soluções constitucionais, como o Estado de defesa, de sítio, ou o uso do artigo 142 para reverter o resultado de uma eleição, é planejar um golpe de Estado.

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