Moraes 3: O "Paradigma Corleone do Direito". Ou: Piscando para os golpistas
É preciso tomar cuidado com o que se escreve e com que se diz alto e bom som.
No dia em que ameaça a juiz for causa de impedimento, então se decrete a vitória do crime organizado e das máfias. Ou não é essa a sua prática constante?
Sempre que houver atos intimidatórios contra juízes e promotores, deve-se considerar que estes estão proibidos de atuar no caso? É o chamado "Paradigma Corleone do Direito"?
Por que o Estado garante a segurança aos operadores do Sistema de Justiça, pertençam ao Judiciário ou ao Ministério Público, quando seus membros são alvos, por exemplo, da pressão do narcotráfico?
Por que ninguém se lembra, nesse caso, de arguir o impedimento?
Eu respondo.
Porque os valentes consideram que, ora, ora, narcotráfico, contrabando, tráfico de armas e afins são crimes muito graves. E, obviamente, não se deve permitir que a ameaça feita a magistrados os retirem do caso. Logo, considera-se que a personalização do ataque é uma forma de impedir exercício da Justiça.
Parabéns, bravos! Vocês estão certos.
Mas por que não se pensa o mesmo quando se trata da defesa da democracia e do Estado de direito?
Respondam agora, não depois: se Moraes fosse o relator de um caso envolvendo isso a que chamamos "crime organizado" — os crimes próprios de máfias —, alguém ousaria pedir o seu impedimento?
Creio que não.
Se o fazem quando a agressão a familiares de um juiz é um instrumento da abolição do estado de direito, é inevitável concluir que os defensores do impedimento estão piscando para golpistas.
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